Mulheres ocupam menos de 30% do secretariado executivo do governo Lula
Os ministérios de Minas e Energia e dos Transportes foram os últimos a escolher seus secretários-executivos. Mas a preferência por homens brancos não mudou.
Das 11 secretárias-executivas, apenas três são mulheres negras: Roberta Cristina Eugenio dos Santos Silva (Igualdade Racial), Rita Cristina de Oliveira (Direitos Humanos) e Maria Laura da Rocha (Relações Exteriores).
Na Esplanada, há apenas três indígenas, incluindo ministros: Sonia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas e seu secretário-executivo, Eloy Terena; além de Wellington Dias, do Desenvolvimento Social.
Entretanto, uma das promessas de campanha de Lula foi a igualdade racial e de gênero, inclusive, em seu próprio governo. No discurso da vitória, feito no dia 31 de outubro, o petista elencou suas prioridades:
“Por isso vamos trazer de volta as conferências nacionais. Para que os interessados elejam suas prioridades, e apresentem ao governo sugestões de políticas públicas para cada área: educação, saúde, segurança, direitos da mulher, igualdade racial, juventude, habitação e tantas outras”, disse.
Duas indicações foram comemoradas por militantes e por parte da sociedade, de Anielle Franco (Igualdade Racial) e de Silvio Almeida (Direitos Humanos).
CGU Vânia Lúcia Ribeiro Vieiraagricultura Irajá LacerdaaguHildo Rocha_Paulo Sérgio-Câmara dos Deputadossecom ricardo zamoraSônia Faustino Mendes comunicaçõescultura marcio tavaresMCTI LuisLuiz Henrique Pochyly da Costa defesaOSMAR RIBEIRO DE ALMEIDA JÚNIOR desenvolvimento socialRita Cristina de Oliveira, secretaria-executiva do min dos direitos humanosIzolda CelaFernando Avelino, secretario-executivo do min do esporteGabriel-Galípolo_-secretario-executivo-do-ministerio-da-economiaroberto pojo gestão e inovaçaõRicardo-José-Nigri_-secretario-executivo-do-GSIroberta eugenio, secretaria-executiva do min de igualdade racialfoto-2-ricardo-cappelli-interventor-segurança-distrito-federal-coletiva-de-impresa-manifestação-bolsonarista-brasilia-11012023O ambientalista João Paulo Capobianco fala ao microfone durante eventoEfrain Pereira da Cruz minas e energiaMaria Helena Guarezi, secretaria-executiva do min das mulheresroberto gusmãoGustavo Guimarães planejamentoEloy Terena, secretario executivo do min dos povos indigenasDeputado Wolney QueirozMaria Laura da Rocha, secretaria-executiva do min das relações exterioresSwedenberger Barbosageorge andré palermo, secretario executivo transportesMaria Fernanda Ramos Coelho secretaria-geralOlavo noleto relações institucionaisFrancisco Macena da Silva trabalhoMarcos elias rosa industria e comercioEsplanada dos Ministérios0Ala estratégica
Núcleos estratégicos da Esplanada como a área econômica, infraestrutura e na Presidência sofrem com ausência de diversidade no segundo escalão. A secretaria-executiva do Ministério da Fazenda de Fernando Haddad tem à frente é Gabriel Galípolo. Ele é o “número dois” da pasta.
Simone Tebet, ministra do Planejamento, escolheu Gustavo Guimarães para o posto; quem destoou foi Esther Dweck, ministra de Gestão, que escolheu Cristina Kiomi Mori para o cargo.
Na ala de Infraestrutura também não há diversidade. Jader Filho, ministro de Cidades, escolheu o deputado Hildo Rocha ao cargo, enquanto Márcio França, de Portos e Aeroportos, escolheu Roberto Eduardo Gusmão.
As indicações “brancas” se repetem nas Relações Institucionais , Casa Civil e Secretaria-Geral da Presidência com Olavo Noleto Alves, Miriam Belchior e Mario Fernandes, respectivamente.
Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento Social, que se identifica como indígena, nomeou como como seu “número dois” Osmar Ribeiro de Almeida Júnior; Flávio Dino, ministro da Justiça e Segurança Pública, que se identifica como homem negro, escolheu Ricardo Cappelli para o posto.
Oportunidades
A consultora Renata Camargo explicou que as oportunidades no Brasil são destinadas a homens brancos e que isso está na formação do país.
“Desde sempre o Brasil é um país que oferece 99,9% das suas oportunidades para homens brancos, tudo há muito tempo, é feito para essa parcela da população dominar os espaços. E tem dado certo. É isso que vemos há séculos”, disse. “Criou-se um poder hegemônico, uma crença que só essas pessoas são confiáveis e capazes”, completou. De acordo com ela, o tal “lugar de fala” das populações minorizadas, enquanto abria portas para discutir questões, criou também um “único lugar permitido” para essas pessoas se expressarem e fechou o resto.“Pessoas, que não são minorias, mas foram minorizadas, falando nesse espaço somente aconteceu após a popularização do conceito "Lugar de Fala" por aqui, então criou-se apenas um único lugar permitido para essa pessoas falarem e mesmo assim, esse lugar é desacreditado, é visto como "mimimi". Os demais lugares, como seguimos vendo, continuam sendo espaços onde a sociedade acredita que minorias não são aptas a ocupar”, concluiu.
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Expectativa de mais homens
O governo Lula está próximo de completar 100 dias e finalmente o segundo escalão da Esplanada está completo. O Metrópoles questionou as pastas sobre a demora nas indicações. Renan Filho, ministro dos Transportes, afirmou que já há um nome indicado para a função, de George Santoro, mas ele não foi nomeado oficialmente.
“Ele [George Santoro] deixou na terça-feira [14/3] a secretaria da Fazenda do Estado de Alagoas e vai assumir a secretaria executiva do Ministério dos Transportes. Espero nomear essa semana, no máximo na próxima”, disse.
Nas redes sociais, Santoro anunciou sua saída do cargo em uma publicação: “Hoje encerrei minha passagem na Secretaria da Fazenda de Alagoas!” [ ] Encerro este ciclo com o sentimento de dever cumprido e acreditando que pude contribuir no processo de construção do desenvolvimento visto no estado de Alagoas ao longo destes últimos oito anos.”
O economista deixou o comando da Secretaria da Fazenda de Alagoas para assumir o cargo em Brasília. A Fazenda alagoana agora está sob o comando de Renata dos Santos – ela era secretária de Planejamento, Gestão e Patrimônio do Estado (Seplag).
A assessoria do Ministérios dos Transportes disse ao Metrópoles que a pasta é a composta por um “amplo corpo técnico” e que está em “plena atividade”.
“Composto por um amplo corpo técnico, o Ministério dos Transportes está em plena atividade, como evidenciado pelo lançamento do Plano de 100 Dias de ações prioritárias, incluindo atuação imediata em rodovias afetadas pelas chuvas e estratégia logística para garantir o escoamento da safra deste ano, além da retomada de contratos de manutenção em estradas e assinatura, pelo ministro Renan Filho, do contrato e da ordem de serviço de obras na BR-116/RS”, diz a pasta em nota.
Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia, escolheu Efrain da Cruz para o posto após uma longa negociação. A assessoria havia explicado que seu processo está ocorrendo de forma gradual, “considerando a responsabilidade e o relevante papel deste ministério para os setores de energia, mineração, petróleo, gás e biocombustíveis.”
Em nota, a pasta explicou que o ministro estava priorizando nomes técnicos e servidores de carreira. “A diretriz estabelecida pelo ministro Alexandre Silveira é de valorização de técnicos, nomeando, sempre que possível, servidores de carreira. Em função disso, os atuais secretários do Ministério de Minas e Energia já estão sendo reconhecidos e altamente elogiados pelo mercado e pelo governo.
Efrain da Cruz foi diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Ele é apontado como um nome ligado aos senadores Davi Alcolumbre (União-AP) e Marcos Rogério (PL-RO), este em licença.
Bruno Eustáquio era o favorito para ocupar a cadeira, mas desagradou a cúpula do governo devido seu envolvimento com a privatização da Eletrobras e por ser visto como um bolsonarista.
O que faz um secretário-executivo?
Conhecido pelo jargão “número dois”, ou seja, depois do ministro é quem mais tem autoridade no ministério, o secretariado-executivo é destinado à quem tem conhecimento técnico da área de competência da pasta.
O profissional fica responsável por coordenar a representação da pasta em órgãos vinculados e encontros técnicos, orientar e acompanhar a sua atuação; assistir o Ministro de Estado na supervisão e na coordenação das atividades das secretarias integrantes da estrutura do Ministério e de suas entidades vinculadas.
O site entrou em contato com o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos sobre a questão e não obteve retorno até a data desta publicação. O espaço segue aberto para futuras manifestações.
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