Bolsa cai e dólar opera acima de R$ 5,75, com expectativa de votação de PEC do auxílio

Agravamento da pandemia também preocupa investidores, que reagiam aos dados sobre o PIB de 2020

Bolsa cai e dólar opera acima de R$ 5,75, com expectativa de votação de PEC do auxílio

RIO E SÃO PAULO — O Ibovespa recuava nesta quarta-feira, após duas altas seguidas, diante do ambiente ainda volátil em razão das últimas decisões de Brasília relacionadas a questões fiscais e Petrobras, e à medida que investidores reagiam a dados sobre o Produto Interno Bruto (PIB) e aguardavam a votação da PEC Emergencial.

O agravamento da pandemia também preocupa os investidores. O dólar registrava alta, depois de apresentar ganhos expressivos no pregão anterior.

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Às 13h10, o Ibovespa caía 2,38%, a 108.889 pontos. Na véspera o índice de referência da B3 fechou em alta de mais de 1% nesta terça-feira, superando os 112 mil pontos no melhor momento, apoiado principalmente na Vale, mas também na forte recuperação de bancos, após o pregão pressionado por receios com os rumos da política econômica do governo de Jair Bolsonaro.

No mesmo horário, os papéis preferenciais da Petrobras (PETR4) caíam 3,96%, enquando as ações ordinárias (PETR3), com direito a voto, recuavam 3,1%, ainda afetadas por incertezas envolvendo a petrolífera, particularmente a autonomia para os preços de combustíveis. Na terça-feira, quatro membros de seu Conselho de Administração rejeitaram indicação para recondução aos cargos.

O dólar comercial era negociado a R$ 5,7715, um avanço de 1,90%. Na véspera, a moeda americana encerrou a sessão abaixo de R$ 5,70, patamar superado ao longo do dia em meio a uma forte pressão de compra que levou o Banco Central a vender mais de US$ 2 bilhões à vista no mercado.

Analistas da corretora Planner afirmaram que o mercado segue cauteloso em relação à pauta da PEC emergencial, e decisões que precisam avançar no curto prazo para melhorar a expectativa em relação à economia, conforme relatório a clientes mais cedo.

Após a divulgação do PIB em 2020, que, afetado pela pandemia, encolheu 4,1% — a maior queda desde 1990 — a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia afirmou que incertezas econômicas continuam elevadas e estimou que o primeiro trimestre será desafiador para o Brasil.


Ao mesmo tempo, avaliou que a política monetária estimulativa, a expansão da vacinação, a consolidação fiscal e a continuidade das reformas vão permitir o aumento da confiança e maior vigor econômico ao longo de 2021.

COM PANDEMIA E SEM O AUXÍLIO EMERGENCIAL, POBREZA AUMENTA NO PAÍS

Apesar do resultado historicamente fraco do PIB, vários analistas destacavam que os dados vieram dentro ou até acima do esperado para o ano passado, período marcado pela pandemia de coronavírus e pela escalada de incertezas políticas e fiscais em Brasília.

— O mercado chegou a esperar queda muito maior do PIB — disse Thomas Giuberti, sócio e economista da Golden Investimentos, que lembrou a retração de até 9% prevista pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) no meio da crise.

Em relação à PEC Emergencial, a expectativa é de que o novo texto seja votado no Senado nesta quarta-feira, e siga direto para a Câmara dos Deputados, sem passar por comissões, conforme prometido pelo presidente da Câmara.

O mercado também lida com expectativa de que o governo de São Paulo coloque todo o Estado na chamada "fase vermelha", a mais restritiva do plano de quarentena contra Covid-19.

Bolsa divulga novo horário de negociação

A B3 também divulgou novos horários de negociação a partir de 15 de março, em razão do começo do horário de verão nos Estados Unidos. No mercado à vista de ações, o fechamento será adiantado em 1h, para 17h.

Nos EUA, com exceção do Dow Jones, os principais índices de Wall Street caíam, pressionados por ações do setor de tecnologia, à medida que investidores se desfaziam de papéis que brilharam na pandemia em prol de empresas que devem se beneficiar de uma reabertura econômica, em meio a esperanças de rápida vacinação

O S&P 500 recuava 0,28%, enquanto o Nasdaq apresentava queda de 1,11%. Já o Dow Jones, principal índice da Bolsa de Nova York, avançava 0,31%.

Na Europa, o dia foi de alta, com o Índice FTSE-100 da Bolsa de Londres fechando em +0,93%. A bolsa de Paris teve valorização de 0,35% e a de Frannkfurt subiu 0,29%.

As ações da China registraram seu maior ganho diário em três semanas, lideradas por bancos e commodities, à medida que as esperanças de crescimento econômico doméstico compensavam os temores de uma política monetária mais apertada.

Alguns operadores também atribuíram a força do mercado ao ambiente 'bullish' antes da reunião anual do Congresso Nacional do Povo da China, que começa na sexta-feira.

O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, avançou 1,92%, enquanto o índice de Xangai teve alta de 1,95%. Ambos os índices registraram seu melhor desempenho desde o início de fevereiro.

Em Tóquio, o índice Nikkei avançou 0,51%, e a bolsa de Hong Kong subiu 2,70%. Em Seul, o índice KOSPI teve valorização de 1,29%.