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Durante conversa com apoiadores, Bolsonaro brincou ao dizer que o cálculo é de "estimação" e afirmou que a pedra, "maior do que um grão de feijão", está em sua bexiga há mais de cinco anos.
"Esse cálculo aqui é de estimação. Já tenho há mais de cinco anos. Tá na bexiga, maior do que um grão de feijão, e resolvi tirá-lo porque deve tá aí ferindo internamente a bexiga", disse o presidente, sem dar mais detalhes sobre o procedimento ou quando ele será feito.
Existem vários métodos para a retirada de um cálculo (saiba mais sobre cada um mais abaixo). Dependendo de qual procedimento será escolhido, poderá durar entre 30 minutos a duas horas.
Até a publicação desta reportagem, o Palácio do Planalto não havia se manifestado sobre o assunto.
Esta será a quinta cirurgia de Bolsonaro. As quatro anteriores foram em decorrência ao atentado à faca sofrido em setembro de 2018, durante a campanha eleitoral, em Juiz de Fora (MG).
O Metrópoles preparou uma arte, onde é possível ter uma noção do problema que afeta o presidente. A reportagem também conversou com um especialista para entender o procedimento ao qual Bolsonaro será submetido.
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Segundo o médico Fabio Vicentini, chefe do Centro de Cálculo Renal do Hospital 9 de Julho, em São Paulo, o cálculo surge em decorrência de pequenos acúmulos de cristais.
Eles podem se formar tanto nos rins quanto na bexiga, ou surgirem nos rins e descerem até a bexiga. Esse último tipo, no entanto, é menos comum.
Quando se trata de uma pedra na bexiga, a causa, normalmente, é resto de urina acumulada no local.
"O cálculo renal se forma porque a pessoa tem muito cálcio e muito oxalato na urina, e bebe pouca água, por exemplo. Já o cálculo de bexiga ele se forma, normalmente, porque a pessoa está tendo algum problema pra esvaziar a bexiga", explica.
Há ainda casos de cálculos que surgem quando o homem tem problemas de próstata.
"Se você tem uma obstrução, como algum problema na próstata, por exemplo, e a próstata está aumentado – um crescimento benigno – você vai ter dificuldade em urinar, então a uretra começa a fechar e sobra urina na bexiga", acrescenta o médico.
No caso de um cálculo na bexiga, como o do presidente, o paciente pode sentir dores, desenvolver infecções, sangramentos e até mesmo não conseguir mais urinar, caso o cálculo saia da bexiga e vá para a uretra.
"[Esse último caso é] uma urgência. A urina não sai e a bexiga fica muito cheia, então você tem que tratar isso, porque senão fica correndo esses riscos", afirma Vicentini.
O médico comenta ainda o fato de o presidente Bolsonaro ter o cálculo há cinco anos e a massa não ter sido retirada.
"Quanto mais tempo passa, mais risco tem. Se tem o diagnóstico dessa pedra, o recomendado é tratar e investigar a causa, além de fazer uma prevenção para não surgirem outros cálculos, já que eles tendem a voltar", explica.
Existem vários métodos para a retirada de um cálculo, e tudo depende do tamanho da pedra. De acordo com o médico, o procedimento a ser feito por Bolsonaro será simples.
Apesar de o presidente e o Planalto não terem informado qual método será usado para retirar a pedra, Fabio Vicentini avalia que o chefe do Executivo deve ser submetido à retirada pela uretra, usando um laser.
"Normalmente, é um tratamento endoscópico. Você entra com uma aparelho pela uretra, localiza a pedra, a quebra com um laser e retira os pedacinhos. É um procedimento que a gente considera bem simples e pequeno. Bem eficiente", explica.
O método endoscópico também é usado caso exista um aumento da próstata. O procedimento se resume a tirar apenas a parte da próstata que está obstruindo a saída de urina da bexiga.
Há também o método chamado litotripsia extracorpórea.
"É uma máquina que gera ondas de choque. [O aparelho] focaliza nessa pedra na bexiga e quebra essa pedra para a pessoa eliminar a pedra espontaneamente. Também é um tratamento que não invade o paciente. Fica só por fora mesmo", acrescenta.
Em casos nos quais o cálculo é muito grande, a equipe médica pode ter de optar por uma cirurgia aberta.
"Ou você faz um tratamento que se chama percutâneo, no qual você faz um furo de um centímetro na barriga e entra com uma câmera dentro da bexiga, quebra a pedra e tira. Se for muito grande, é necessário uma cirurgia aberta. Um corte grande, de 5 a 10 centímetros, para poder retirar", afirma Vicentini.
O tempo de recuperação do paciente também depende do procedimento escolhido.
Se o método feito pela equipe médica mexer apenas na pedra, o paciente pode ir embora no mesmo dia ou no dia seguinte.
"É uma recuperação rápida. Não tem nenhum corte, então em poucos dias ele [o paciente] está recuperado para as atividades normais", explica Fabio Vicentini.
Segundo o médico, caso o procedimento envolva a próstata, contudo, o paciente deve permanecer internado por dois dias, evitando fazer esforços por 15 dias até se recuperar totalmente.
A primeira cirurgia de Bolsonaro foi realizada no mesmo dia em que sofreu o atentado, em 6 de setembro de 2018. Na ocasião, o intestino do presidente foi ligado a uma bolsa de colostomia.
A segunda, em 12 de setembro do mesmo ano, considerada de emergência, foi para reparar uma obstrução no intestino.
O terceiro procedimento cirúrgico ocorreu em 28 de janeiro de 2019, a primeira já como presidente da República, e serviu para retirar a bolsa de colostomia.
Inicialmente, a cirurgia estava prevista para durar três horas, mas, devido a uma grande quantidade de aderências, ou seja, partes do intestino que ficaram coladas, a equipe médica teve de fazer um procedimento mais complexo – o que fez com que o tempo total da cirurgia fosse de sete horas.
A última e mais recente cirurgia foi realizada em 8 de setembro do ano passado. Na ocasião, os médicos corrigiram uma hérnia que surgiu no local do abdômen do presidente. A hérnia ocorreu em razão das últimas três cirurgias. O método durou cinco horas e foi bem-sucedido.
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