Lula afirma que EUA e Europa prolongam guerra na Ucrânia

Lula afirma que EUA e Europa prolongam guerra na Ucrânia

A paz está muito difícil. O presidente [da Rússia Vladimir] Putin não toma iniciativa de paz, o [presidente da Ucrânia, Volodimir] Zelenski não toma iniciativa de paz. A Europa e os Estados Unidos terminam dando a contribuição para a continuidade desta guerra”, afirmou Lula, durante uma coletiva de imprensa no fim de sua viagem aos Emirados Árabes Unidos.

O presidente também voltou a acusar a Ucrânia de ter participação no início do conflito. “A construção da guerra foi mais fácil do que será a saída da guerra, porque a decisão da guerra foi tomada por dois países”, disse.

Veja:

“É preciso que os EUA parem de incentivar a guerra e comecem a falar em paz”, diz Lula na China

A guerra na Ucrânia começou em 24 de fevereiro de 2022, após a Rússia invadir o país vizinho. Desde o início do conflito, Kiev passou a receber armamentos e munições de vários países europeus e dos EUA, o que possibilitou segurar o avanço russo e transformar uma guerra que Putin planejava terminar em poucas semanas em um conflito que dura já mais de um ano.

O governo brasileiro chegou a receber pedidos dos europeus para que vendesse munições aos ucranianos. O tema chegou a ser tratado durante a visita do chanceler federal alemão, Olaf Scholz, ao Brasil. Lula, no entanto, recusou os pedidos e afirmou que o Brasil não iria se envolver na guerra.

As declarações de Lula sobre a contribuição dos EUA e da Europa para a manutenção do conflito ocorrem um dia após o presidente ter defendido o fim do envio de armamentos para Ucrânia e afirmado que os Estados Unidos precisavam “parar de incentivar a guerra”.

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A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que desencadeou conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível grande guerraAnastasia Vlasova/Getty Images

Sob céu nublado, vê-se um prédio do governo e na frente, a estátua do ex-líder soviético Vladimir Lênin, em Moscou, na Rússia - Metrópoles***foto-estatua-lenin-união-soviética-russia

A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito Agustavop/ Getty Images

Publicidade do parceiro Metrópoles 1O desenho representa um mapa com a Rússia em foco e nas laterais partes da Europa, Ásia e Oriente Médio - Metrópoles***desenho-mapa-russia-eurasia-conflito

A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse localPawel.gaul/ Getty Images

Bandeira da Ucrânia em monumento. Ao fundo vê-se o céu azul - Metrópoles***foto-bandeira-ucrania-em-monumento

Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 kmGetty Images

Publicidade do parceiro Metrópoles 2Sob fundo azul com parte da bandeira da China, o presidente russo Vladimir Putin fala em evento. Dois microfones estão posicionados a sua frente - Metrópoles***foto-presidente-russo-vladimir-putin-discursa-bandeira-china

Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideiaAndre Borges/Esp. Metrópoles

O castelo do Kremlin, sede do governo russo em Moscou, é mostrado na Praça Vermelha. Está de noite, o céu e fundo azul e o prédio está iluminado - Metrópoles***kremlin-governo-russo-praça-vermelha-moscou-russia-a-noite

Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do paísPoca/Getty Images

Publicidade do parceiro Metrópoles 3A imagem mostra a bandeira da Rússia sob ceu com nuvens e um Sol brilhando atrás dessa - Metrópoles***foto-bandeira-russia-ceu-brilhando

A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiroKutay Tanir/Getty Images

Em céu azul acinzentado com névoa, dois aviões fazem um rastro de fumaça no ar - Metrópoles***céu-aviões-militares-nevoa-rastro

Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta OTAN/Divulgação

Publicidade do parceiro Metrópoles 4De frente, Vladimir Putin fala em evento com fundo acinzentado atrás - Metrópoles***foto-presidente-russo-vladimir-putin-de-frente-fala

Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por territórioAFP

A Praça Vermelha com grande movimentação de pessoas de dia. Ao fundo vê-se o Kremlin, sede do governo russo, em Moscou - Metrópoles***foto-kremlin-governo-russo-praça-vermelha-moscou-russia-pessoas

Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu territórioElena Aleksandrovna Ermakova/ Getty Images

Publicidade do parceiro Metrópoles 5Na imagem colorida, o castelo de Moscou, na Russia está no fundo e uma pesso de lado e com roupas de frio ocupa o centro da imagem***foto-azulado-praça-vermelha-neve-soldado-kremlin-governo-russo-moscou

Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do EstadoWill & Deni McIntyre/ Getty Images

Na imagem colorida, uma industria de gás natural está posicionada no centro da imagem. No chão há neve***russia-ucrania-conflito

O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários delesVostok/ Getty Images

Publicidade do parceiro Metrópoles 6Na imagem colorida, uma pessoa segura uma bomba de gadolina***russia-ucrania-conflito

Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo Vinícius Schmidt/Metrópoles

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G20 político

Em Abu Dhabi, Lula também reiterou a proposta da criação de um bloco de países neutros para promover negociações de paz nos moldes de um G20 político e afirmou ter conversado com a China e os Emirados Árabes Unidos sobre essa proposta.

“Estamos tentando construir um grupo de países que não têm nenhum envolvimento com a guerra, que não querem a guerra, que desejam construir paz no mundo, para conversarmos tanto com a Rússia quanto com a Ucrânia, mas também temos que ter em conta que é preciso conversar com os Estados Unidos e com a União Europeia”, afirmou, acrescentando que acredita no sucesso de uma iniciativa deste tipo.

Na coletiva, Lula também comemorou o sucesso da viagem aos Emirados Árabes Unidos e à China. “Volto ao Brasil com a certeza de que estamos voltando à civilização, porque o governo está fazendo sua obrigação, se abrindo para o mundo e ao mesmo tempo convencendo o mundo de se abrir para o Brasil”, destacou.

O presidente celebrou ainda os acordos firmados com os Emirados Árabes Unidos durante a visita oficial e os assinados com a China, que foi a primeira parada do presidente na atual viagem.

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