Marcos do Val: Moraes pede a veículos envio de entrevistas na íntegra

Marcos do Val: Moraes pede a veículos envio de entrevistas na íntegra

Após dar essa declaração, Marcos do Val mudou a versão da entrevista por diversas vezes. Uma possível coação foi levantada. Nesta quinta-feira (2/2), do Val prestou depoimento à Polícia Federal, no entanto, Moraes diz que esta é uma quarta versão dos fatos.

“O senador Marcos do Val apresentou, à Polícia Federal, uma quarta versão dos fatos por ele divulgados, todas entre si antagônicas, de modo que se verifica a pertinência e necessidade de diligências para o seu completo esclarecimento”, justificou o ministro.

Para Moraes, as versões apresentadas aos veículos de comunicação são importantes para apuração dos crimes de falso testemunho, denunciação caluniosa e coação no curso do processo.

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Os veículos de imprensa têm cinco dias para enviar a íntegra das entrevistas. A princípio, o ministro havia estipulado multa de R$ 100 mil para quem não cumprisse a determinação. Depois, voltou atrás e retirou a multa.

Também foi expedido ofício à empresa Meta (dona do Facebook e do Instagram) para que encaminhe, também em cinco dias, inteiro teor de live realizada pelo senador.

Investigação

Na mesma decisão, Moraes determinou que Marcos do Val (Podemos-ES) seja investigado em uma apuração independente daquela aberta para examinar as responsabilidades pelos atos golpistas de 8 de janeiro. O despacho publicado no fim da tarde desta sexta-feira (3/2).

Veja íntegra da decisão:

Despacho – MVal – Final by Carlos Estênio Brasilino on Scribd

Depoimento

O senador Marcos do Val prestou depoimento à Polícia Federal, nesta quinta-feira (2/2), no âmbito da investigação que apura os atos golpistas de 8 de janeiro. Na saída, o parlamentar reafirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ficou em silêncio durante uma reunião na qual o ex-deputado federal Daniel Silveira teria falado sobre um plano de golpe de Estado.

Ao sair da PF, o parlamentar reforçou a versão de que Silveira seria o responsável por, no final do ano passado, arquitetar um plano para grampear o gabinete do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, em tentativa de provar suposta interferência do magistrado no processo eleitoral para beneficiar Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Inicialmente, o senador afirmou que a reunião com o ex-deputado e Bolsonaro teria ocorrido no Palácio da Alvorada.

Contradições

Assim como em outras ocasiões nesta quinta-feira, o senador não soube especificar onde teria acontecido o encontro com Daniel Silveira e Jair Bolsonaro, em 7 de dezembro de 2022. Inicialmente, o senador relatou que o encontro havia acontecido no Palácio da Alvorada, mas depois negou. Segundo o parlamentar, a reunião teria sido realizada na Granja do Torto.

“Eu nunca fui lá. Nem como turista. Nem na casa, nem no campo, na casa do vice, onde estava Mourão, Paulo Guedes, eu nunca fui nesses lugares”, disse Marcos do Val ao ser questionado por jornalista na saída da PF, em Brasília.

Porém, a principal contradição nos relatos de Marcos do Val sobre o encontro com Bolsonaro e Silveira está na atitude do então presidente na ocasião. Em entrevista à revista Veja, antes da posse dos novos congressistas (1°/2), o senador afirmou ter ouvido diretamente de Jair Bolsonaro detalhes do plano para gravar clandestinamente o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O que corrobora a primeira versão dada pelo parlamentar, mas vai na contramão da segunda -de que Bolsonaro teria ficado calado enquanto Silveira dava detalhes sobre o plano para grampear Moraes.

Na gravação feita pelo veículo, ele é questionado se o próprio Bolsonaro pediu para que a gravação ilegal fosse feita. “Disse, sim. Que o GSI ia me dar o equipamento para poder montar para gravar. Aí eu falei assim, quando eu falei que "mas não vai ser aceito". "Não, o GSI já tá avisado". Quer dizer, já tinha validado a fala comigo. "Eles vão te equipar, botar o equipamento de escuta, de gravação e a sua missão é marcar com o Alexandre e conduzir o assunto até a hora que ele falar que ele, que ele avançou, extrapolou a Constituição, alguma coisa nesse sentido." Aí ele falou "ó, eu derrubo, eu anulo a eleição, o Lula não toma posse, eu continuo na Presidência e prendo o Alexandre de Moraes por conta da fala dele, que ele teria"”, explica, em áudio.

O áudio divulgado pela revista vai de encontro com a live realizada por Marcos do Val na madrugada de quinta, na qual o parlamentar revelou o caso. Na ocasião, o senador afirmou que houve uma “tentativa de Bolsonaro” de “coagir para que eu pudesse dar um golpe de Estado junto a ele”. Veja a cronologia da contradição:

Entrevista à revista Veja (antes da posse de deputados e senadores eleitos, em 1°/2): Marcos do Val afirma que Bolsonaro teria participação direta no plano para gravar Alexandre de Moraes;

Live realizada na madrugada de quinta-feira (2/2), após a posse de parlamentares: “Eu ficava p*to quando me chamavam de bolsonarista. Vocês me esperem, que vou soltar uma bomba. Sexta-feira vai sair na [revista] Veja a tentativa de Bolsonaro de me coagir para que eu pudesse dar um golpe de Estado junto a ele. Só para vocês terem ideia. E é lógico que eu denunciei”;

Entrevista coletiva na manhã de quinta-feira (2/2): Marcos do Val entra em contradição e diz que o ex-presidente teria ficado calado durante toda a reunião. Nesta versão, o parlamentar responsabilizou Silveira pelo plano, e ainda garantiu que denunciou tudo ao ministro Alexandre de Moraes;

Declaração após depoimento à PF, na noite de quinta-feira (2/2): Do Val mantém a versão anterior de que Bolsonaro ficou calado durante encontro em que Silveira teria detalhado plano para gravar Moraes.

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