"Não serei ministro", diz Mantega sobre participação no governo Lula

“O grupo de transição é para ajudar o novo governo a conhecer a estrutura, modificar a estrutura do governo anterior e poder governar. Não tem nada a ver uma coisa com a outra, as pessoas que estão lá não serão grupo ministerial”, afirmou em entrevista à GloboNews.

“É claro que poderão ser escolhidas pessoas que estão lá, mas, eu por exemplo, não serei ministro. Já estou indicando. Já fui ministro do Planejamento, da Fazenda, e não pretendo ser mais ministro. Eu saio dessa vanguarda e fico na retaguarda, ajudando com conselhos e tudo mais”, completou.

O nome de Mantega na equipe da Economia, inicialmente, foi visto com pessimismo pelo mercado devido à gestão dele frente à Fazenda no governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

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Mantega acrescentou que “o mais importante não é definir o ministro, mas é definir a política econômica”. Na visão dele, a “política econômica é do governo, não do ministro. O ministro tem de se enquadrar na política econômica”.

“Eu sou assessor dele [Lula] desde 1993, nós discutíamos a economia, fazíamos seminário. Então, o Lula entende de economia. Tem essa diferença”, alfinetou Mantega, em referência ao presidente Jair Bolsonaro (PL), que admitiu em diversas ocasiões que não entendia de assuntos econômicos e sempre recorria ao atual chefe da Economia, Paulo Guedes.

O ex-ministro petista disse ainda que o governo Lula “sempre trabalhou de forma transparente, deixando claro quais são as regras que ele vai seguir, quais são os objetivos e tudo mais”.

Na quinta-feira (10/11), em visita ao Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede do gabinete de transição, Lula disse que a estabilidade fiscal não pode ser conquistada à custa do sofrimento da população.

Logo após a repercussão da fala de Lula no mercado financeiro, que recebeu mal o comentário, o petista disse que o setor “fica nervoso à toa”. “O mercado fica nervoso à toa. Eu nunca vi um mercado tão sensível como o nosso”, disse.

A reação do mercado veio após Lula ter uma agenda com políticos aliados, na qual chegou a se emocionar ao relatar que não esperava ver a volta da fome no país.

Na mesma fala, Lula questionou: “Por que as pessoas são levadas a sofrer por conta de garantir a tal da estabilidade fiscal neste país? Por que toda hora as pessoas falam que é preciso cortar gasto, que é preciso fazer superávit, que é preciso fazer teto de gasto? Por que as mesmas pessoas que discutem com seriedade o teto de gasto não discutem a questão social deste país?”.

Sobre a reação dos agentes financeiros, Mantega reforçou que o mercado pode ficar “tranquilo”, porque os governos Lula foram responsáveis fiscalmente. “O presidente, ele é a favor do equilíbrio fiscal, ele sabe que, se você acumular uma dívida enorme, o país quebra.”

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