Câncer colorretal já é segunda doença mais letal do Brasil

Câncer colorretal já é segunda doença mais letal do Brasil

Devido à pandemia de COVID-19, em 2020, a procura por um dos principais exames de rastreio do câncer colorretal caiu dramaticamente. Em todo o País, o número de colonoscopias foi 31% menor, se comparado a 2019. A situação é preocupante, uma vez que o câncer colorretal já ocupa o segundo lugar no ranking de neoplasias mais letais para homens e mulheres no Brasil. Nos últimos dez anos, foram identificadas 162.790 mortes e 686.142 hospitalizações causadas pela doença.

Em 2020, o número de exames de sangue oculto nas fezes, que também é importante para o rastreio da doença, caiu 23% em relação a ano anterior. Em números absolutos, foram realizados aproximadamente 350 mil exames a menos.

CAMPANHA - Os números foram divulgados pela Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (SOBED), que, em razão da Campanha Março Azul, analisou as bases oficiais de informação do SUS para alertar a sociedade sobre a necessidade de prevenção dessa doença, que atinge o reto e intestino e ainda é pouco discutida no Brasil.

"Os métodos diagnósticos precisam ser oferecidos de forma sistematizada pelo SUS para rastrear os pacientes mais propensos a desenvolver esse tipo de câncer. Quando alterações no reto e intestino são diagnosticadas em estágios iniciais, há possibilidade do médico intervir diretamente e prevenir uma evolução desfavorável, na maioria dos casos", frisa o presidente da SOBED, Ricardo Anuar Dib.

AUMENTO DOS CASOS - Os dados de mortalidade decorrentes do câncer colorretal, compilados pela SOBED, indicam que, somente em 2019 (último dado disponível), foram registrados 19.685 óbitos por câncer do cólon, da junção retossigmoide e do reto no Brasil. Os casos vêm aumentando, em média, cerca de 5% a cada ano, tendo sido observado um crescimento de 51% em relação aos casos registrados em 2010 (13.070).

Na análise da série histórica (2010 a 2019), os estados que mais registraram óbitos em decorrência do câncer colorretal foram: São Paulo (51.287 mortes); Rio de Janeiro (21.131); Rio Grande do Sul (15.880); Minas Gerais (15.112); e Paraná (11.045).

A análise da SOBED permite, ainda, identificar o impacto da doença no atendimento hospitalar. Apesar da pandemia de COVID-19, que, em muitos casos, baixou o número de internações decorrentes de outras doenças, no ano passado em dez estados do País houve aumento nas hospitalizações para tratamento do câncer colorretal. O maior aumento proporcional aconteceu em Goiás, onde a quantidade de internações passou de 1.230, em 2019, para 1.598, em 2020 - salto de 30%.