Bolsonaristas entenderam o apelo do presidente e foram para as ruas

Bolsonaristas entenderam o apelo do presidente e foram para as ruas

Parece haver uma pré-disposição da grande mídia em ignorar as manifestações pró-Bolsonaro ocorridas neste domingo em todo o País. E com razão. Seria um estímulo a aglomerações em tempos de pandemia. Mas são fatos ocorridos e estão diretamente relacionados ao último pronunciamento do presidente, que pareceu um chamamento às milícias que o seguem: Ao se referir as medidas restritivas para conter a expansão da pandemia de Covid adotadas por governadores, o presidente provocou: "até quando nós vamos resistir a isso daí? [Essas medidas] só eu poderia tomar e, assim mesmo, ouvindo o Congresso Nacional. E nós vamos deixando isso acontecer".

Era uma senha para as milícias retornarem às ruas com discursos pseudo nacionalistas. E a resposta veio rápida. O grupo radical ainda é pequeno, mas tem o poder de contaminar um País confinado, com pessoas estressadas, desassistidas e com fome. Neste domingo circulou um video em que a Polícia interveio em um aniversário que reunia apenas uma família em casa.

Além de invasão de domicilio, que infelizmente se tornou comum Brasil afora, tem outras questões envolvidas. As pessoas querem respirar, gritar da janela, ouvir música, festejar aniversários dos filhos no grupo familiar. Casos nos quais a intervenção policial é despropositada.

De certa forma estamos fazendo tudo errado. E a cada erro, a cada excesso, Bolsonaro cresce.

Ninguém se aliou tanto a essa pandemia de Covid, que ceifou cerca de 280 mil vidas, do que Bolsonaro. Ninguém teve tanto lucro politico quanto ele, apesar de ser contra a ciência, contra a vacina e a favor do morticínio - como meio para a população brasileira chegar a chamada imunidade de rebanho.

Então como conter essa doença chamado bolsonarismo, com forte capacidade de contaminar o tecido social e destruir o País?

Somente com vacina. E a melhor vacina é esvaziar o poder de Bolsonaro na Procuradoria Geral da República. Chamar o Exército a se definir a quem servir (se ao Brasil ou ao governante de plantão). Dar aos filhos de Bolsonaro, que respondem por supostos ilícitos, o mesmo tratamento dado a outras pessoas acusadas de praticar delinquência. Só assim o presidente engolirá a arrogância e conterá suas milícias.

Ou o Brasil estará fadado a terminar muito mal nos próximos meses, não com uma onda de greves e saques a supermercados, como aventou Bolsonaro, mas com intervenções indevidas nas instituições da República.