Com quase 200 pacientes em fila por leitos, AM está há dez dias sem transferir doentes a outros estados

Governo diz que voos só acontecerão novamente "caso não haja oferta de leitos em Manaus e se houver paciente com perfil moderado e estáveis para viajar de avião".

Força Aérea Brasileira (FAB) iniciou no dia 15 de janeiro a transferência de pacientes com Covid-19 de Manaus, no Amazonas, a outros estados. - Foto: FAB/Reprodução

Força Aérea Brasileira (FAB) iniciou no dia 15 de janeiro a transferência de pacientes com Covid-19 de Manaus, no Amazonas, a outros estados. �- Foto: FAB/Reprodução

Apesar de ter quase 200 pessoas com Covid-19 em uma fila, à espera por leitos, o Amazonas está há dez dias sem transferir pacientes para outros estados.

A última viagem foi feita no dia 10 de fevereiro, para o Rio de Janeiro, na qual foram transferidas 13 pessoas. Ao todo, 558 já foram levadas para tratamento fora, sendo 542 com Covid. O número representa pouco mais de 1/3 do prometido pelo ministro da saúde, Eduardo Pazuello, que disse que seriam, ao menos, 1,5 mil transferências.

O Amazonas enfrenta colapso no sistema de saúde, após um aumento no número de casos, internações e mortes por Covid-19. Até a sexta-feira (19), o estado já havia registrado um pouco mais de 303 mil casos da doença, e mais de 10 mil mortes.

O estado também passou por uma crise de abastecimento de oxigênio e o governo montou uma operação para abrir novos leitos e para transferir pacientes para outros estados.

Ao G1, a Secretaria Estadual de Saúde (SES-AM) disse que as transferências não estão suspensas, mas só acontecerão caso não haja oferta de leitos em Manaus e se houver paciente com perfil moderado e estáveis para viajar de avião.

Atualmente, a taxa de ocupação em leitos de UTI Covid na capital está em 90,85%, e 80,49% em leitos de UTI geral. Em relação aos leitos clínicos, há 68,11% de ocupação para Covid, e 73,25% geral.

O secretaria de Saúde também alegou que passou a priorizar as remoções intermunicipais, de pacientes do interior para a capital. Desde então, foram trazidos de avião para hospitais de Manaus 47 pacientes de Parintins, Coari, Tefé, São Paulo de Olivença e Tabatinga.

Pacientes de Manaus têm alta após tratarem a Covid-19 no Espírito Santo. — Foto: Divulgação/ Sesa

Pacientes de Manaus têm alta após tratarem a Covid-19 no Espírito Santo. — Foto: Divulgação/ Sesa

A mudança, segundo a SES, ainda se deve também a redução da demanda de pacientes com o perfil para viagens aéreas longas, definido nos protocolos estabelecidos para a ação. O perfil para as viagens é de pacientes moderados por conta dos protocolos de segurança do paciente com Covid-19 que podem agravar durante o vôo.

As transferências começaram a ser realizadas no dia 15 de janeiro, um dia após a capital enfrentar o primeiro dia da falta de oxigênio. Ao todo, 18 estados se prontificaram em receber os doentes.

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Crise começou no final de 2020

O Amazonas começou a viver um novo aumento de casos, internações e óbitos pela Covid-19 logo após o Natal. Com o aumento de mortes, o governo voltou a instalar câmaras frigoríficas nos principais hospitais de Manaus. As estruturas foram montadas, pela primeira vez, em abril, após o colapso nos sistemas de saúde e funerário do estado.

Os cemitérios também voltaram a registrar movimentação intensa e começaram abrir novas covas para receber os corpos. No entanto, o secretário de limpeza pública de Manaus, Sabá Reis, disse que a cidade não voltaria a ter enterros em valas comuns diante do aumento de sepultamentos.

Para conter o avanço da doença e a redução no número de internações e mortes, o Governo do Amazonas tentou fechar os serviços não-essenciais ainda no final do ano. No entanto, lojistas e funcionários foram às ruas pedindo a revogação do decreto. As manifestações terminaram em confusão e no fechamento de vias na capital, e o governo recuou.

Mas, com o agravamento da pandemia o estado entrou na fase roxa de classificação. O Governo voltou atrás e determinou, novamente, o fechamento imediato dos serviços e um toque de recolher de 19h às 6h, para evitar a circulação de pessoas. Dez dias depois, a restrição foi ampliada para 24h.

No dia 8 de fevereiro, o Governo reduziu o toque de recolher apenas para o período noturno e permitiu a retomada de alguns setores do comércio, como, o de alimentos, no sistema de delivery.

Desde a terça-feira (16), Manaus voltou a registrar manifestações de representantes de associações de feirantes, camelôs e motoristas. Eles pediam a reabertura do comércio e a saída do governador Wilson Lima. Na sexta-feira (19), o governo liberou o funcionamento de shoppings, comércios e restaurantes na capital.

O estado também sofreu colapso no sistema de abastecimento de oxigênio e vários hospitais chegaram a ficar sem o insumo, que é primordial para auxiliar pessoas acometidas com a doença. A crise na saúde pública do Amazonas também levou o governo a transferir pacientes para outros estados. A medida visa desafogar o fluxo nos hospitais da capital que, inclusive, tem fila de espera por leitos de UTI.