Bolsonaro diz que crítica a ministro do STF foi 'desabafo' e que não ofendeu 'ninguém'

De manhã, presidente disse que Alexandre de Moraes deu decisão 'política' ao suspender nomeação de Alexandre Ramagem como diretor da PF. Declaração gerou [...]

Bolsonaro diz que crítica a ministro do STF foi 'desabafo' e que não ofendeu 'ninguém'
De manhã, presidente disse que Alexandre de Moraes deu decisão 'política' ao suspender nomeação de Alexandre Ramagem como diretor da PF. Declaração gerou críticas de entidades. O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira (30) em uma rede social que a crítica dele ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi um "desabafo" e que não ofendeu "ninguém".

Mais cedo, nesta quinta, o presidente disse que o ministro deu uma decisão "política" ao suspender a nomeação do delegado Alexandre Ramagem como diretor-geral da Polícia Federal. Moraes entendeu que houve desvio de finalidade na nomeação.

"No meu entender, uma decisão política, política. E ontem [quarta] comecei o pronunciamento falando da Constituição. Eu respeito a Constituição e tudo tem um limite", afirmou o presidente de manhã.

"Fiz um desabafo hoje de manhã. Não ofendi pessoalmente ninguém nem instituições. Tenho plena convicção disso. Apenas me coloquei no lugar do delegado da Polícia Federal Ramagem, que numa liminar monocrática do Supremo Tribunal Federal, ele foi impedido de tomar posse", declarou o presidente à noite.

A fala de Bolsonaro sobre Moraes provocou forte reação por parte de entidades ligadas à magistratura e à advocacia.

Além disso, ministros do Supremo também elogiaram nesta quinta-feira a atuação de Moraes como magistrado.

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Revisão da decisão

Ainda na rede social, o presidente afirmou esperar uma mudança de posição de Alexandre de Moraes. A nomeação de Ramagem na PF, contudo, foi anulada por um ato publicado no "Diário Oficial da União". Ramagem é o atual diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

"Espero que, após meu desabafo, que veio do coração, [...] não só o senhor Alexandre, ministro do STF, bem como os demais integrantes do STF, dentro da serenidade e pensando no Ramagem, na vida profissional dessa pessoa, que essa decisão seja revista o mais breve possível", disse o presidente.

Bolsonaro também disse que deseja Ramagem no comando da Polícia Federal "por tudo o que ele já fez pela pátria no combate à corrupção, no combate à criminalidade".

Durante a transmissão, Bolsonaro leu o currículo de Alexandre Ramagem, destacou a participação dele na Copa do Mundo de 2014, na Olimpíada de 2016 e na segurança do presidente a partir de 2018.

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Entenda a suspensão da nomeação

Na semana passada, Bolsonaro demitiu o então diretor-geral da PF, Mauricio Valeixo, escolhido para o cargo pelo então ministro da Justiça, Sergio Moro.

Moro pediu demissão do cargo alegando que Bolsonaro tentou interferir politicamente na PF ao demitir Valeixo. O presidente negou a acusação e escolheu Ramagem para o cargo. Bolsonaro diz ter "amizade" com Ramagem.

O PDT, então, pediu ao STF que suspendesse a nomeação. Moraes atendeu por entender que houve desvio de finalidade.

"Tais acontecimentos, juntamente com o fato de a Polícia Federal não ser órgão de inteligência da Presidência da República, mas sim exercer, nos termos do artigo 144, §1o, VI da Constituição Federal, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União, inclusive em diversas investigações sigilosas, demonstram, em sede de cognição inicial, estarem presentes os requisitos necessários para a concessão da medida liminar pleiteada", concluiu Moraes.