Gerson vai à delegacia e depõe após caso de racismo: "Falo por todos os negros"

Gerson vai à delegacia e depõe após caso de racismo: "Falo por todos os negros"

O inquérito sobre o caso foi aberto na segunda-feira. Os dois atletas, além do técnico Mano Menezes e o árbitro da partida, Flávio Rodrigues de Souza, foram intimados a dar depoimento presencial sobre o episódio. Gerson foi o primeiro a ser ouvido na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), do Rio de Janeiro. "Agora a questão tá entregue à Justiça e esperamos que a justiça seja feita", disse o vice jurídico do Flamengo, Rodrigo Dunshee.

A pedido da CBF, o caso também será analisado pela Procuradoria do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), que informou que "aguardará o recebimento da súmula e vídeo da partida para analisar a denúncia de injúria racial" e também pontuou que "existe em sua legislação desportiva artigo específico para prática de atos discriminatórios e que, para esses casos, a tolerância é zero". O Bahia também disse que continua apurando o caso. Se for enquadrado no art.243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), Ramírez pode pegar gancho de cinco a dez jogos, além de multa que varia de R$ 100 a R$ 100 mil.

Ramírez negou as acusações. Em declaração para a TV do clube divulgada em vídeo na noite de segunda, o jogador afirmou que apenas pediu para o adversário "jogar rápido" e disse que "em nenhum momento foi racista com Gerson, nem com qualquer outra pessoa". Ele, porém, continua afastado do time. "Acontece que quando fizemos o segundo gol botamos a bola no meio do campo para sair rapidamente e disse ao Bruno Henrique: "jogue rápido, por favor", "vamos irmão, jogar sério". Aí ele joga a bola para trás e o Gerson, não sei o que me fala, eu não compreendo muito o português. Não compreendi o que me disse e falei "joga rápido, irmão'", ressaltou. Na visão do atleta do Bahia, ele pode ter sido mal interpretado por Gerson. "Não sei o que ele entendeu, o que ele ouviu. Ele jogou a bola e passou a me perseguir sem eu entender o que estava acontecendo. Dei a volta por trás porque não queria entrar em briga com ninguém e depois ele sai falando que eu falei "cale a boca, negro" falando português quando eu realmente não falo português."