Terceirizados da Saúde do AM realizam protesto e cobram salários atrasados

Trabalhadores afirmam que estão com quatro meses de salários atrasados e sem um pagamento de 2018, além do 13°. Susam destaca que a competência sobre débitos é das empresas contratadas

Terceirizados da Saúde do AM realizam protesto e cobram salários atrasados

Cerca de 100 trabalhadores terceirizados da área de saúde do Amazonas realizaram, na manhã desta quinta-feira (17), manifestação em frente ao Ministério Público do Trabalho (MPT), na Avenida Mário Ypiranga, Zona Centro-Sul de Manaus. A categoria exige o pagamento de quatro meses de salários atrasados, incluindo o 13° e o vencimento de dezembro do ano passado. A Secretaria de Estado da Saúde (Susam) destaca que a competência sobre débitos é das empresas contratadas.

De acordo com diretor de saúde do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Estado do Amazonas (Sindpriv), José Picanço, os atrasos estão comprometendo o orçamento doméstico de cerca de 5 mil funcionários, entre enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas e maqueiros.

"Pedimos providências junto ao governador. Ele afirmou que as empresas que prestam serviços à Susam deveriam resolver o problema", contou. As empresas, no entanto, alegam o Governo ainda não repassou o dinheiro, e não há previsão de recebimento.

Ao final da manifestação, os funcionários seguiram para a Assembleia Legislativa do Amazonas (ALEAM), para tentar sensibilizar os parlamentares pela cobrança dos pagamentos. "Caso não haja resposta, vamos entrar em greve", anunciou Picanço.

A portas fechadas

No local, os manifestantes interromperam o pequeno expediente em andamento e conseguiram uma reunião a portas fechadas. Com receio de suspender a sessão ordinária, o deputado Josué Neto (PSD) e presidente da ALE sugeriu uma comissão de até dez pessoas terceirizadas se reunirem com seis deputados, tanto da base governista como da oposição.

As principais reclamações são os não pagamentos salariais. Funcionários de empresas fornecedoras dos serviços para o HPS Platão Araújo e Francisca Mendes, por exemplo, também relataram o não pagamento das férias.


Foto: Marcelo Araújo

A técnica de enfermagem Alessandra Ramos lamentou que enquanto cuida dos pacientes da saúde pública, falta pão para alimentar seu filho. "É muito triste ouvir um filho pedindo pão e você ter que responder 'Bebe água, que a fome passa'", disse emocionada. Ela completou que se sentiria mais valorizada se o governador Wilson Lima (PSC) estivesse acompanhando presencialmente a situação.

Outra terceirizada que trabalha no HPS Platão Araújo, um dos principais em urgência e emergência da Zona Leste, Francilene Oliveira, comentou que a empresa contratante, Segeam, informou que não há previsão de pagamentos. "O recurso consta no Portal [da Transparência] como liquidado, e não pago", explicou.

Após a reunião, o deputado de oposição Dermilson Chagas (PP) revelou que uma reunião com o secretário de Estado da Saúde, representantes das empresas, o sindicato da categoria e deputados está marcada para as 14h30 na sede da pasta estadual de Saúde para tratar das negociações com os servidores. A participação do MPT está cogitada.

Ao todo, quase 6 mil servidores estão com salários atrasados. Uma sugestão da categoria dos terceirizados foi o bloqueio de contas das empresas até uma negociação de concordância mútua. O provimento de vagas por concurso público está sendo estudado pelo Governo do Estado para diluir o excesso de vagas terceirizadas, sem previsão para edital.

Posicionamento

Em nota, a Susam informou que a competência sobre pagamento de salários e obrigações trabalhistas de terceirizados é das empresas contratadas.

A Susam destaca que vem fazendo todo um esforço para manter a regularidade no pagamento das empresas contratadas, mesmo diante do cenário econômico adverso.

Acrescenta ainda que os trabalhadores terceirizados, por sua vez, têm todo o direito à livre manifestação e podem recorrer à Justiça do Trabalho, como qualquer outro trabalhador que se sente lesado em seus direitos.