Em cúpula sul-americana, Lula propõe moeda única e uso do BNDES

Durante o discurso aos 10 presidentes sul-americanos, no Palácio do Itamaraty, em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), falou sobre propostas a serem levadas para discussão durante a cúpula.

Em cúpula sul-americana, Lula propõe moeda única e uso do BNDES

Ao iniciar a fala, o mandatário brasileiro relembrou o protagonismo que a União de Nações Sul-Americanas (Unasul) teve na integração dos países da América do Sul. Assim como a importância de organismos como a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).

“A América do Sul tem diante de si, mais uma vez, a oportunidade de trilhar o caminho da união. E não preciso recomeçar do zero. A Unasul é um patrimônio coletivo. Lembremos que ela está em vigor, sete países ainda são membros plenos. É importante retomar seu processo de construção, mas ao fazê-lo, é essencial avaliar criticamente o que não funcionou e levar em conta transições”, disse.

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Lula, no entanto, ponderou que novas iniciativas precisam ser tomadas para ampliar a atividade da reunião de países.

“Seria um erro restringir as atividades às esferas de governo. Envolver a sociedade civil, sindicatos, empresários, acadêmicos e parlamentares dará consistência ao nosso esforço. Ou os processos são construídos de baixo para cima ou não são viáveis e estarão fadados ao fracasso”, disse o petista.

Veja a seguir as propostas sugeridas por Lula aos chefes de estado:

  • Colocar a poupança regional a serviço do desenvolvimento econômico e social, mobilizando os bancos de desenvolvimento como a CAF [Corporación Andina de Fomento], o Fonplata [Fundo Financeiro para Desenvolvimento da Bacia do Prata], o Banco do Sul e o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social];
  • Aprofundar nossa identidade sul-americana também na área monetária, mediante mecanismo de compensação mais eficientes e a criação de uma unidade de referência comum para o comércio, reduzindo a dependência de moedas extrarregionais;
  • Implementar iniciativas de convergência regulatória, facilitando trâmites e desburocratizando procedimentos de exportação e importação de bens;
  • Ampliar os mecanismos de cooperação de última geração, que envolva serviços, investimentos, comércio eletrônico e política de concorrência;
  • Atualizar a carteira de projetos do Conselho Sul-Americano de Infraestrutura e Planejamento (COSIPLAN), reforçando a multimodalidade e priorizando os de alto impacto para a integração física e digital, especialmente nas regiões de fronteira;
  • Desenvolver ações coordenadas para o enfrentamento da mudança do clima;
  • Reativar o Instituto Sul-Americano de Governo em Saúde, que nos permitirá adotar medidas para ampliar a cobertura vacinal, fortalecer nosso complexo industrial da saúde e expandir o atendimento a populações carentes e povos indígenas;
  • Lançar a discussão sobre a constituição de um mercado sul-americano de energia, que assegure o suprimento, a eficiência do uso de nossos recursos, a estabilidade jurídica, preços justos e a sustentabilidade social e ambiental;
  • Criar programa de mobilidade regional para estudantes, pesquisadores e professores no ensino superior, algo que foi tão importante na consolidação da União Europeia;
  • Retomar a cooperação na área de defesa com vistas a dotar a região de maior capacidade de formação e treinamento, intercâmbio de experiências e conhecimentos em matéria de indústria miliar, de doutrina e políticas de defesa;
  • Criação de um Grupo de Alto Nível, a ser integrado por representantes pessoais de cada presidente, para dar seguimento ao trabalho de reflexão. Com base nas decisões tomadas na cúpula, o grupo terá 120 dias para apresentar um mapa do caminho para a integração da América do Sul.
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Além de Lula, 10 chefes de Estado participam da programação. A única ausência é a presidente do Peru, Dina Boluarte, impossibilitada de deixar o país por motivos internos. Veja os nomes:

  • Alberto Fernández (Argentina);
  • Luís Arce (Bolívia);
  • Gabriel Boric (Chile);
  • Gustavo Petro (Colômbia);
  • Guillermo Lasso (Equador);
  • Irfaan Ali (Guiana);
  • Mário Abdo Benítez (Paraguai);
  • Chan Santokhi (Suriname);
  • Luís Lacalle Pou (Uruguai) e
  • Nicolás Maduro (Venezuela).
  • Alberto Otárola, presidente do conselho de ministros (Peru)

Segundo o Itamaraty, a proposta do encontro é promover um diálogo franco entre os líderes, com objetivo de identificar denominadores comuns, discutir perspectivas para a região e reativar a agenda de cooperação sul-americana em áreas-chave.

São elas: saúde, mudanças climáticas, defesa, combate aos ilícitos transnacionais, infraestrutura e energia, entre outros.

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