Invasão do Palácio do Planalto, críticas ao BC e mágoa com Moro: os 100 dias de governo Lula

Invasão do Palácio do Planalto, críticas ao BC e mágoa com Moro: os 100 dias de governo Lula

Forças Armadas

Com 8 dias de governo Lula, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) inconformados com o resultado eleitoral invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes, causando prejuízos milionários aos cofres públicos.

Em busca dos culpados, o Supremo Tribunal Federal (STF) abriu sete inquéritos para investigar executores materiais, autores intelectuais, financiadores e agentes públicos que possam estar envolvidos nos atos golpitas.

Autoridades acusadas de omissão foram afastadas do cargo. Entre elas, estão o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, que voltou para a cadeira após 66 dias, o ex-secretário de Segurança Pública do DF Anderson Torres (que segue preso) e o ex-comandante da PMDF Fábio Augusto Vieira. O caso de Torres também foi enviado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) após a polícia encontrar em sua casa uma “minuta do golpe”.

Mais sobre o assunto

A grande polêmica, no entanto, ficou nas mãos de Lula, que escolheu não trocar o ministro da Defesa, José Múcio, mesmo após uma enxurrada de críticas, que descreviam o chefe da pasta como “inoperante” em relação aos ataques. Isso porque antes dos atos, Múcio declarou que as manifestações diante de quartéis no país iriam acabar em breve. “O verbo talvez seja se esvair”, afirmou em 2 de janeiro, um dia após assumir o ministério.

Lula, no entanto, decidiu manter Múcio no cargo. “Se eu tiver que tirar cada ministro a hora que ele comete um erro, sabe, vai ser a maior rotatividade de mão de obra da história do Brasil. Todos nós cometemos erros”, disse o petista.

Poucos dias depois, o general Júlio César de Arruda foi exonerado do cargo de comandante do Exército. O nome escolhido para o cargo foi o general Tomás Miguel Ribeiro Paiva.

A demissão aconteceu um dia após a reportagem do colunista Rodrigo Rangel, do Metrópoles, revelar que o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), tenente-coronel Mauro Cid, operou uma espécie de caixa 2 com recursos em espécie que eram usados, inclusive, para pagar contas pessoais da primeira-dama Michelle Bolsonaro e de familiares dela. Segundo apuração do colunista Igor Gadelha, o estopim para a demissão do general Júlio César teria sido a recusa do militar em exonerar o tenente-coronel Mauro Cid do 1º Batalhão de Ações e Comandos, em Goiânia (GO).

Ministros no foco

A equipe ministerial de Lula também ficou no alvo de polêmicas nesses primeiros 100 dias. A ministra do Turismo, Daniela Carneiro, conhecida como Daniela do Waguinho, é acusada de contratar nas eleições de 2018 e de 2022 uma empresa que estaria envolvida em suposto caixa 2 do próprio marido dela, o prefeito de Belford Roxo, Waguinho (União Brasil).

Daniela também teria gastado R$ 1,09 milhão em gráficas que não existem em seus endereços fiscais. As empresas pertencem a um ex-assessor de Belford Roxo (RJ).

Mesmo com o desgaste, Lula mantém Daniela no cargo. Como mostrou a coluna Paulo Cappelli, do Metrópoles, o presidente teria ligado para a ministra e dito: “Eu mesmo já fui massacrado injustamente. Sei o que você está passando. Aguente firme”.

Juscelino Filho, o ministro das Comunicações, também foi alvo de polêmica. O chefe da pasta teria usado de voos da Força Aérea Brasileira (FAB) para fora de Brasília e recebido diárias sem que ele estivesse atuando a serviço do governo. O caso foi divulgado pelo Estadão.

“Nos últimos dias vocês devem ter visto ataques distorcidos contra mim, então vou esclarecer isso de uma vez por todas, para que fique claro que não houve qualquer irregularidade nas viagens que fiz como ministro”, declarou o ministro, em um vídeo publicado em suas redes sociais.

Ao ser questionado sobre o caso, Lula comentou que se Juscelino “não conseguir provar a sua inocência, ele não pode ficar no governo”. No início de março, o ministro se encontrou com o mandatário, que decidiu não afastá-lo. A Comissão de Ética da Presidência abriu uma investigação para apurar a conduta de Juscelino.

Daniela do Waguinho, ministra do Turismo, cumprimenta o presidente Lula durante cerimônia em BrasíliaDaniela do Waguinho, ministra do Turismo, cumprimenta o presidente Lula durante cerimônia em Brasília

Daniela do Waguinho (UNIÃO-RJ), ministra do Turismo, cumprimenta o presidente Lula durante cerimônia em BrasíliaRicardo Stuckert/Divulgação

Lula, presidente eleito, Daniela do Waguinho, deputada e indicada ministra do Turismo, e Waguinho posam para foto sorrindo - Metrópolesfoto-lula-daniela-e-waguinho-posam-sorrindo

Lula, Daniela do Waguinho e Waguinho durante a campanhaReprodução

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Ministro Juscelino Filho, das ComunicaçõesIsac Nóbrega / MCom

Juscelino Filho, ministro das comunicaçõesJuscelino Filho

O ministro das Comunicações de LulaCléverson Oliveira/Mcom

Publicidade do parceiro Metrópoles 2O ministro da Defesa, José Múcio, em coletiva de imprensa, no Palácio do Planalto. Ele fala à jornalistas sobre reunião com Lula, cercado de microfones e jornalistas - Metrópolesfoto-ministro-defesa-mucio-fala-em-coletiva-apos-reuniao-presidente-lula-planalto-20012023

Múcio em coletiva de imprensa, no Palácio do PlanaltoMariana Costa/Metrópoles

Ministro José Múcio apresenta o general Tomás Miguel Ribeiro Paiva, novo comandante do Exército

Ministro José Múcio apresenta o general Tomás Miguel Ribeiro Paiva, novo comandante do ExércitoVinícius Schmidt/Metrópoles

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Mágoas com Moro

O início da gestão petista também foi marcado por frases polêmicas de Lula. Em entrevista ao portal Brasil 247, o presidente relembrou a época em que esteve preso em Curitiba e a mágoa guardada durante esse tempo. Chegou a dizer que, ao receber na cela a visita de procuradores para saber se estava tudo bem, ele respondia: “Não está tudo bem. Só vai estar tudo bem quando eu foder esse Moro”, referindo-se ao ex-juiz Sergio Moro (União-PR), hoje senador.

A declaração teve repercussão negativa e foi usada pela oposição para dizer que Lula voltou à Presidência com o intuito de se vingar. A fala também foi associada à operação realizada pela PF (Polícia Federal) contra uma organização criminosa que planejava matar o ex-juiz.

Em publicações nas redes sociais, os deputados federais Deltan Dallagnol (Podemos-PR) e Carlos Jordy (PL-RJ) insinuaram que o desejo de “vingança” demonstrado pelo chefe do Executivo pode ter incitado os integrantes da organização. Entretanto, o próprio Sérgio Moro disse na ocasião que foi informado sobre uma possível ameaça ainda no final do mês de janeiro.

Atuação de Janja

Presente na maioria dos compromissos oficiais da Presidência, a primeira-dama Janja da Silva ganhou destaque e foi alvo de críticas da oposição.

Em fevereiro, Janja promoveu um café da manhã com influenciadores ao lado de Lula para discussão sobre fake news. Diversos nomes, no entanto, se sentiram atacados por não terem sido convidados, e levantaram uma campanha de revolta nas redes.

“Acho que a nossa comunicação deve ser irrelevante nesse momento. Deve ter sido por isso que o convite não veio. A esquerda sendo esquerda”, disse Preta Ferreira, influenciadora e ativista dos direitos humanos.

No feriado de Carnaval, a primeira-dama também ficou entre os assuntos mais comentados nas redes sociais ao marcar presença no Camarote Expresso 2222, em Salvador (BA), e aparecer em fotos e vídeos dançando. O timing desagradou bolsonaristas, que criticaram a socióloga por participar do Carnaval no dia em que o número de mortos decorrente das chuvas no litoral de São Paulo chegou a 48. Entre os críticos, estavam os deputados Carla Zambelli (PL-SP) e Nikolas Ferreira (PL-MG).

Janja também foi acusada de usar a TV Brasil, controlada pelo governo federal, para se autopromover. Ela participou de um programa no canal em março para falar sobre o enfrentamento da violência contra a mulher.

Linguagem neutra

Desde o dia 1º de janeiro, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) adotou novas práticas em cerimônias oficiais realizadas no Palácio do Planalto e nos ministérios. Uma das principais mudanças notadas foi a inserção da famosa “linguagem neutra de gênero”.

“Todos, todas e todes”: entenda a linguagem neutra usada no governo Lula

A grande polêmica envolvendo o tema ocorreu no dia 23 de janeiro, quando a Agência Brasil, produtora estatal de notícias, usou o pronome “todes” em uma reportagem sobre um evento de congressistas LGBTQIA+ eleitos. “Parlamentares eleites reúnem-se pela primeira vez em Brasília”, dizia a matéria.

O texto foi duramente criticado por opositores. No Instagram, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenou a mudança linguística:

“Não há nada inocente nisso. Alguns podem achar bobeira, mas a linguagem é uma forma de domínio. Através dela, se transforma bandido em suspeito ou vítima da sociedade, roubo em expropriação, impeachment em golpe, manifestante em terrorista, conservadorismo em fascismo, invasão em ocupação, aborto em direito da mulher, violência em revolução. Reescreve-se a história”, afirmou.

O movimento foi acompanhado por outros bolsonaristas, como os deputados Cabo Junior Amaral (PL-MG), Carlos Jordy (PL-RJ) e Anderson Moraes (PL-RJ). O humorista Danilo Gentilli ironizou a adoção do pronome neutro. “Eu acho curioso que os mesmos que agora escrevem ELEITES eram os mesmos que escreviam PRESIDENTA uns anos atrás”, escreveu ele no Twitter.

Apesar das críticas, o texto segue no ar na Agência Brasil.

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