Famílias narram desespero com deslizamentos em SP: "Parecia terremoto"
Até a publicação desta reportagem, os três permaneciam desaparecidos, após a casa da família ser varrida por uma avalanche de lama, pedras e árvores. A cidade do litoral paulista foi a mais devastada por tempestades, no início do carnaval, resultando, até o momento, em 44 mortes e 49 desaparecidos. Os dados tendem a mudar com o passar das horas.
Chuvas em SP deixa desalojados e desabrigados 22Chuvas em SP deixa desalojados e desabrigados 18Chuvas em SP deixa desalojados e desabrigados 1Camareira Kerulyn Pugleise e seu companheiro, Luan Pedro Araújo de Freitas, e a filha Paloma de 2 anos, estavam em uma das quatro casas que foram destruídas.Chuvas em SP deixa desalojados e desabrigados 13Chuvas em SP deixa desalojados e desabrigados 4Chuvas em SP deixa desalojados e desabrigados 80A camareira Karolyn Pugleise, seu companheiro, o faz tudo Luan Pedro Araújo de Freitas, ambos de 23 anos, e Paloma, filha do casal, estavam em uma das quatro casas destruídas após uma sequência de pelo menos três deslizamentos, na madrugada de sábado para domingo.
As outras residências eram habitadas por parentes da família soterrada, que estão entre as 2,5 mil pessoas desalojadas ou desabrigadas até o momento na cidade.
“Filme de terror”
Vestindo uma roupa de doação, a faxineira Letícia Araújo Lubarino, 44 anos, relembra com lágrimas nos olhos as cenas de terror que se sucederam às avalanches que também destruíram o lar dela.
Quando a chuva começou, no fim da noite de sábado, aos poucos, a água foi entrando em casa, “algo corriqueiro”, afirmou. Ela convidou o sobrinho Luan para que ele fosse até a casa dela, com Karolyn e a criança.
Mais sobre o assunto
Brasil São Paulo Rio-Santos é liberada para a saída de turistas de São Sebastião
Brasil Vídeo: bebê é resgatado de casa devastada pela lama em São Sebastião
São Paulo Chuvas em SP: número de mortos sobe para 44; 49 estão desaparecidos
A ideia era de que toda a família dormisse em um mesmo imóvel, com o intuito de evitar desconfortos por causa da água, que já havia invadido o banheiro e um quarto da casa sobrinho. Ele negou o convite. Após secar o excesso de água do chão, todos foram para a cama, incluindo Letícia, que não conseguia dormir.
Estragos da chuva em São Sebastião (SP), em devereiro de 2023 (4)Estragos da chuva em São Sebastião (SP), em devereiro de 2023 (5)Estragos da chuva em São Sebastião (SP), em devereiro de 2023 (6)Estragos da chuva em São Sebastião (SP), em devereiro de 2023 (7)Estragos da chuva em São Sebastião (SP), em devereiro de 2023 (8)Estragos da chuva em São Sebastião (SP), em devereiro de 2023 (1)Estragos da chuva em São Sebastião (SP), em devereiro de 2023 (2)Estragos da chuva em São Sebastião (SP), em devereiro de 2023 (3)0
“Tive um pressentimento ruim. Aí, eu falei para o pessoal: "Podem ir dormir, que eu vou ficar vigiando [a evolução da chuva]". Se eu não tivesse ficado vigiando, todos nós íamos morrer juntos.”
Por volta das 2h de domingo (19/2), ela ouviu um estrondo e acordou o marido, que dormia ao lado. “Parecia um terremoto, e meu marido já acordou gritando: "É o morro caindo."”
Letícia e o companheiro não tiveram tempo nem de pensar. Com as telhas da casa desmoronando, após o imóvel ser atingido por árvores arrastadas pela lama, ela e 10 familiares saíram da residência, com a roupa do corpo, antes que ela ruísse por completo.
Depois disso, o marido subiu em uma árvore e traçou uma rota de fuga para a família, por cima do morro.
“Estava tudo escuro. Passamos no meio de uma cachoeira, a correnteza ia puxando a gente e eu ia me agarrando em espinhos para não ser levada. Foi horrível, uma cena de filme de terror”, relembra a sobrevivente. O sobrinho dela, junto com a companheira e a criança, já estavam sob a lama. Ela soube disso somente na manhã de domingo.
Letícia e os parentes desabrigados foram levados para a Igreja Congregação Cristã do Brasil, em Juquehy, local usado como abrigo por cerca de 180 pessoas.
Única casa em pé
No mesmo abrigo, está a autônoma Simone Pugleise, mãe de Karolyn. Ela mora na única casa não destruída pela avalanche de lama. Após ouvir o morro caindo, ela não sabe descrever como chegou até o abrigo. “Só me lembro de pegar os documentos e sair correndo para a igreja.” Como a residência dela segue intacta, Simone consta na lista de desalojados.
Buscas
Sujo de lama, durante uma breve pausa nos trabalhos, o major do Corpo de Bombeiros Helder Kato afirmou ao Metrópoles que as equipes trabalham em dois pontos de buscas, no bairro Pantanal.
“Estamos procurando por pessoas. Há a informação de que três estão em um ponto e uma em outro [do soterramento].” Os dois locais de buscas foram indicados por cães farejadores, nessa segunda-feira (20/2). A corporação localizou os escombros de duas casas, onde passaram a empenhar mais esforços.
Eles usam pás, picaretas e enxadas para remover a lama, misturada com escombros. No total, 51 bombeiros atuam nas buscas.
The post Famílias narram desespero com deslizamentos em SP: “Parecia terremoto” first appeared on Metrópoles.