Famílias narram desespero com deslizamentos em SP: "Parecia terremoto"

Famílias narram desespero com deslizamentos em SP:

Até a publicação desta reportagem, os três permaneciam desaparecidos, após a casa da família ser varrida por uma avalanche de lama, pedras e árvores. A cidade do litoral paulista foi a mais devastada por tempestades, no início do carnaval, resultando, até o momento, em 44 mortes e 49 desaparecidos. Os dados tendem a mudar com o passar das horas.

Chuvas em SP deixa desalojados e desabrigados 22

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Familiares seguram celular com foto da vítima das chuvas em são Paulo - MetrópolesCamareira Kerulyn Pugleise e seu companheiro, Luan Pedro Araújo de Freitas, e a filha Paloma de 2 anos, estavam em uma das quatro casas que foram destruídas.

Camareira Kerulyn Pugleise e seu companheiro, Luan Pedro Araújo de Freitas, e a filha Paloma de 2 anos, estavam em uma das quatro casas que foram destruídasFábio Vieira/Metrópoles

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A camareira Karolyn Pugleise, seu companheiro, o faz tudo Luan Pedro Araújo de Freitas, ambos de 23 anos, e Paloma, filha do casal, estavam em uma das quatro casas destruídas após uma sequência de pelo menos três deslizamentos, na madrugada de sábado para domingo.

As outras residências eram habitadas por parentes da família soterrada, que estão entre as 2,5 mil pessoas desalojadas ou desabrigadas até o momento na cidade.

“Filme de terror”

Vestindo uma roupa de doação, a faxineira Letícia Araújo Lubarino, 44 anos, relembra com lágrimas nos olhos as cenas de terror que se sucederam às avalanches que também destruíram o lar dela.

Quando a chuva começou, no fim da noite de sábado, aos poucos, a água foi entrando em casa, “algo corriqueiro”, afirmou. Ela convidou o sobrinho Luan para que ele fosse até a casa dela, com Karolyn e a criança.

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A ideia era de que toda a família dormisse em um mesmo imóvel, com o intuito de evitar desconfortos por causa da água, que já havia invadido o banheiro e um quarto da casa sobrinho. Ele negou o convite. Após secar o excesso de água do chão, todos foram para a cama, incluindo Letícia, que não conseguia dormir.

imagem aérea de áreas destruidasEstragos da chuva em São Sebastião (SP), em devereiro de 2023 (4)

Chuvas no litoral de São Paulo causou estragos em áreas residenciaisFábio Vieira/Metrópoles

casas destruídas em deslizamentosEstragos da chuva em São Sebastião (SP), em devereiro de 2023 (5)

Temporal causou deslizamento de terra em São PauloFábio Vieira/Metrópoles

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Bairro Juquehy em São Sebastião, litoral norte de São Paulo, nesta manhã de terça-feira (21/2)Fábio Vieira/Metrópoles

imagem aérea mostra vegetação e zona de deslizamento no fundoEstragos da chuva em São Sebastião (SP), em devereiro de 2023 (7)

Imagens aéreas mostram estrago no município de São Sebastião (SP), após fortes chuvasFábio Vieira/Metrópoles

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Imagem aérea de bairro Juquehy, em São Sebastião (SP)Fábio Vieira/Metrópoles

imagem aérea mostra telhados de casasEstragos da chuva em São Sebastião (SP), em devereiro de 2023 (1)

Chuvas no litoral de SP deixaram mortos de desaparecidosFábio Vieira/Metrópoles

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Temporal no litoral de São Paulo causou estragos de infraestrutura e deixou vítimasFábio Vieira/Metrópoles

imagem aérea de área verde cortada por linha de terraEstragos da chuva em São Sebastião (SP), em devereiro de 2023 (3)

Imagem aérea de deslizamento de terra após chuvas no litoral de São PauloFábio Vieira/Metrópoles

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“Tive um pressentimento ruim. Aí, eu falei para o pessoal: "Podem ir dormir, que eu vou ficar vigiando [a evolução da chuva]". Se eu não tivesse ficado vigiando, todos nós íamos morrer juntos.”

Por volta das 2h de domingo (19/2), ela ouviu um estrondo e acordou o marido, que dormia ao lado. “Parecia um terremoto, e meu marido já acordou gritando: "É o morro caindo."”

Letícia e o companheiro não tiveram tempo nem de pensar. Com as telhas da casa desmoronando, após o imóvel ser atingido por árvores arrastadas pela lama, ela e 10 familiares saíram da residência, com a roupa do corpo, antes que ela ruísse por completo.

Depois disso, o marido subiu em uma árvore e traçou uma rota de fuga para a família, por cima do morro.

“Estava tudo escuro. Passamos no meio de uma cachoeira, a correnteza ia puxando a gente e eu ia me agarrando em espinhos para não ser levada. Foi horrível, uma cena de filme de terror”, relembra a sobrevivente. O sobrinho dela, junto com a companheira e a criança, já estavam sob a lama. Ela soube disso somente na manhã de domingo.

Letícia e os parentes desabrigados foram levados para a Igreja Congregação Cristã do Brasil, em Juquehy, local usado como abrigo por cerca de 180 pessoas.

Única casa em pé

No mesmo abrigo, está a autônoma Simone Pugleise, mãe de Karolyn. Ela mora na única casa não destruída pela avalanche de lama. Após ouvir o morro caindo, ela não sabe descrever como chegou até o abrigo. “Só me lembro de pegar os documentos e sair correndo para a igreja.” Como a residência dela segue intacta, Simone consta na lista de desalojados.

Buscas

Sujo de lama, durante uma breve pausa nos trabalhos, o major do Corpo de Bombeiros Helder Kato afirmou ao Metrópoles que as equipes trabalham em dois pontos de buscas, no bairro Pantanal.

“Estamos procurando por pessoas. Há a informação de que três estão em um ponto e uma em outro [do soterramento].” Os dois locais de buscas foram indicados por cães farejadores, nessa segunda-feira (20/2). A corporação localizou os escombros de duas casas, onde passaram a empenhar mais esforços.

Eles usam pás, picaretas e enxadas para remover a lama, misturada com escombros. No total, 51 bombeiros atuam nas buscas.

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