Comunidade judaica repudia banalização do holocausto por bolsonaristas

Comunidade judaica repudia banalização do holocausto por bolsonaristas

Até o momento, cerca de 1.500 foram presas por tentativa de golpe de Estado e levadas para a Academia da Polícia Federal, em Brasília.

dadada

Reprodução / redes sociais

544

Reprodução / redes sociais

Publicidade do parceiro Metrópoles 1qdqadf (1) (1) (1) (1)

Reprodução / redes sociais

0

As comparações, que ganharam força nas redes sociais, levaram a Confederação Israelita do Brasil (Conib), órgão máximo de representação e coordenação da comunidade israelita no Brasil, a condenar as alusões feitas ao holocausto no atual momento do Brasil.

“A Conib repudia comparações completamente indevidas do momento atual com os trágicos episódios do nazismo que culminaram no extermínio de 6 milhões de judeus no Holocausto. Essas comparações, muitas vezes com fins políticos, são um desrespeito à memória das vítimas do Holocausto e de seus descendentes. A Conib inclusive criou uma campanha contra a banalização do Holocausto, para que possamos entender melhor as verdadeiras dimensões dos fatos e assim contribuir para um melhor entendimento do presente”, escreveu o órgão.

A assessoria da Federação Israelita do Estado São Paulo (Fisesp) informou que a entidade se manifesta pela Conib, já que essa é uma pauta nacional.

Em nota ao site, o Instituto Brasil Israel (IBI) afirmou que as comparações feitas são irresponsáveis.

“As comparações feitas entre a detenção de envolvidos em atos de violência em Brasília e campos de concentração são irresponsáveis e ignoram a gravidade do que foi, efetivamente, o Holocausto, quando prisioneiros eram submetidos a trabalho escravo, privados de comida e passavam frio. Caso não morressem neste processo de tortura, eram levados às câmaras de gás”, afirmou.

“Quando judeus e outros grupos foram levados para campos de concentração, não havia qualquer envolvimento com movimentações antidemocráticas. Ao contrário. Foi justamente a supressão da democracia – desejada pelos golpistas detidos em Brasília – que fez nascer os campos de concentração na Alemanha Nazista”, reiterou o IBI.

Entre as numerosas postagens que comparam campos de concentração à prisão provisória dos responsáveis por depredar os Três Poderes, está a do líder da bancada evangélica, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), que endossou o discurso em suas redes sociais: “Qualquer semelhança é mera coincidência”.

  • Publicações do deputado Sóstenes Cavalcante

 

sostenes

Publicação de Sóstenes Cavalcante (10/1)

WhatsApp Image 2023-01-10 at 19.14.35 (1)

Publicação de Sóstenes Cavalcante (10/1)

0

O Metrópoles procurou o deputado, que afirmou que não considera a postagem ofensiva à comunidade judaica, pois ele seria bastante ligados aos judeus. “Liguei para amigos judeus que não consideraram ofensivo”, explicou. “Minha comparação é que trataram manifestantes e criminosos no mesmo pacote e acho um erro como estão conduzindo. É um erro essa investigação de quem fez a invasão e a depredação, pois há vários que não invadiram e depredaram e são tratados da mesma forma”, disse.

“Isso foi visto no nazismo, por isso a comparação. O que está acontecendo no Brasil é um exagero de repressão”, completou o parlamentar.

Condições

A Polícia Federal informou na terça-feira (10/1) que o local provisório de detenção conta com o apoio da Ordem dos Advogados do Brasil, Corpo de Bombeiros, Secretaria de Saúde do DF, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e Defensoria Pública da União. Todos os detidos fazem três refeições por dia.

“Os detidos estão sendo submetidos aos procedimentos de polícia judiciária. Após os trâmites realizados pela Polícia Federal, os presos estão sendo apresentados à Polícia Civil do DF, responsável pelo encaminhamento dos detidos ao Instituto Médico Legal e, posteriormente, ao sistema prisional”, explicou a PF.

Por questões humanitárias também foram liberados 599 detidos, em geral idosos, pessoas com problemas de saúde, em situação de rua e pais/mães acompanhados de crianças.

Holocausto

Se os presos por vandalismo e terrorismo doméstico estão tendo seus direitos assegurados, na Alemanha nazista foi bem diferente. Por isso, as comparações entre a tragédia humana que foi o holocausto e o caso brasileiro são motivo repúdio. O nazismo levou entre 15 a 20 milhões de pessoas à óbito (judeus, ciganos, testemunhas de jeová, homossexuais, presos soviéticos e outros grupos).

Mais sobre o assunto

O Nazismo foi um regime implementado na Alemanha após uma profunda crise econômica depois da Primeira Guerra Mundial onde se pregava o nacionalismo e a eugenia. Adolf Hitler assumiu o poder em 1933, tornando-se chanceler da Alemanha. Dentre outras medidas antissemitas, o regime promulgou leis discriminatórias e realizou atos de violência organizada contra os judeus alemães. Os “indesejáveis” foram levados a campos de concentração e extermínio.

Vale destacar que nenhum participante dos atos golpistas foi assassinado pelas forças de segurança, não houve perseguições do Estado contra essas pessoas. Os presos em flagrante causaram danos e perdas inestimáveis ao patrimônio público brasileiro.

The post Comunidade judaica repudia banalização do holocausto por bolsonaristas first appeared on Metrópoles.