Lula costura para acomodar aliados nos 16 ministérios restantes
O desafio de Lula é acomodar em cargos importantes os partidos e forças políticas que o apoiaram na eleição deste ano. Além das siglas que fizeram parte da coligação encabeçada pelo PT, somam-se a essa equação os apoios que entraram na “frente ampla” do segundo turno e mesmo partidos que não apoiaram o petista em outubro, mas podem ser importantes para a formação de uma base de apoio no Congresso para o ano que vem, como União Brasil e até mesmo o “lavajatista” Podemos.
O símbolo maior dessa dificuldade de escalação do time é a senadora Simone Tebet (MDB-MS), que ficou em terceiro lugar na eleição presidencial e depois se dedicou fortemente à campanha lulista para vencer Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno. Reconhecendo a importância dela na campanha, Lula já afirmou algumas vezes que pretende tê-la na equipe ministerial, mas não está conseguindo um lugar que agrade a senadora e seja bem digerido pelo resto da coligação – incluindo nessa cálculo setores do próprio PT, que temem “vitaminar” muito uma personalidade política com ambições presidenciais em 2026.
Após ter perdido a disputa com o PT pelo Ministério do Desenvolvimento Social, que ficou com o senador eleito Wellington Dias (PT-PI), Tebet já recusou (inicialmente) o Planejamento e foi cotada para o Meio Ambiente (que deve ficar com a deputada eleita Marina Silva).
O martelo pode ser batido nesta terça-feira (27/12), quando a senadora sul-mato-grossense deverá se reunir mais uma vez com Lula – que insiste em oferecer o Planejamento. O presidente eleito pretendia, aliás, anunciar o resto da equipe ministerial toda nesta terça, mas a demora e a dificuldade para fechar a negociação devem jogar o anúncio para quarta (28/12).
Mais sobre o assunto
Igor Gadelha Política Equipe de segurança de Lula avalia desfile em carro blindado na posse
Brasil Após terrorismo em Brasília, Lula publica mensagem de paz
Brasil Lula antecipará atos administrativos no dia 1º, afirma Flávio Dino
Os cotados
A maneira de Lula de fazer política é uma das razões para a demora. Ao invés de apontar ele mesmo os nomes, o presidente eleito prefere que os partidos, grupos e movimentos sociais entrem em consenso sobre quem querem indicar, mas as disputas internas acabam engessando o processo.
As disputam ocorrem nos mais diversos ministérios, mesmo os que não são almejados por partidos. Para o Ministério dos Povos Indígenas, por exemplo, não há consenso entre a deputada federal não-reeleita Joenia Wapichana (Rede-RR) e a deputada federal eleita Sonia Guajajara (PSol-SP), que é coordenadora da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), entidade que ajudou a desenhar a estrutura do novo ministério prometido por Lula desde a campanha.
A indefinição maior, porém, está em ministérios considerados “o filé” por terem grandes orçamentos ou visibilidade, garantindo a seus ocupantes fazer entregas pelos país e aparecer sempre na mídia. É o caso de pastas como Agricultura, Transportes, Minas e Energia, Planejamento e Cidades. Elas devem ficar com políticos de grandes partidos do Centrão, como PSD, União Brasil e MDB, mas o nome dos escolhidos ainda não estava definido quando esta reportagem foi escrita, na segunda-feira.
Nome indicado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), como “contrapartida” pelo trabalho na aprovação da PEC da Transição, o líder do União Brasil na Câmara, Elmar Nascimento (BA), é cotado para o disputado Ministério da Integração Nacional.
Pela cota do PSD, o senador Carlos Fávaro (MT) é muito cotado para ser ministro da Agricultura e o senador Alexandre Silveira (MG) para assumir a pasta de Minas e Energia.
O espaço do PT na Esplanada também deverá ser ampliado e o deputado federal reeleito Paulo Teixeira (SP) deverá comandar as Comunicações. Outro Paulo, o Pimenta (RS), deverá chefiar a Secretaria de Comunicação (Secom).
O que também parece definido é que o general da reserva Marco Edson Gonçalves Dias, o G Dias, vai assumir o Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
Certeza mesmo, porém, só quando Lula convocar a imprensa e terminar a escalação de seu time.
Futuro Ministro do governo Lula Fernando Haddad durante anuncio dos novos nomes da pasta da Fazenda - Metrópolesfoto-38-lula-anuncia-novos-ministros-coletiva-de-imprensa-governo-transicao-ccbb-brasilia-22122022foto-30-lula-anuncia-novos-ministros-coletiva-de-imprensa-governo-transicao-ccbb-brasilia-22122022foto-33-lula-anuncia-novos-ministros-coletiva-de-imprensa-governo-transicao-ccbb-brasilia-22122022foto-9-lula-anuncia-novos-ministros-coletiva-de-imprensa-governo-transicao-ccbb-brasilia-22122022tebetMarina Silva0Veja os ministérios ainda sem indicações definitivas:
- Ministério dos Povos Indígenas
- Ministério da Previdência Social
- Ministério do Esporte
- Ministério das Cidades
- Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional
- Ministério do Meio Ambiente
- Ministério dos Transportes
- Ministério de Minas e Energia
- Ministério das Comunicações
- Ministério do Turismo
- Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar
- Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
- Ministério da Pesca e Aquicultura
- Secretaria de Comunicação Social
- Gabinete de Segurança Institucional
- Ministério do Planejamento e Orçamento
The post Lula costura para acomodar aliados nos 16 ministérios restantes first appeared on Metrópoles.