Pauderney faz pagamento milionário para empresa investigada na "Maus Caminhos"

Curiosamente, Pauderney Avelino está dando espaço ao algoz do prefeito David Almeida, na eleição suplementar de 2017. Em agosto daquele ano, David anunciou sua saída do PSD – partido comandado no Amazonas por Omar – após o atual senador ter “puxado o tapete” de David, que pretendia concorrer ao cargo de governador do Amazonas em 2017, mas foi "tungado" da disputa. David então procurou se filiar ao PSB e depois foi para o Avante.

Pagamentos

Em 2018, o Ministério Público Federal (MPF) denunciou o diretor financeiro da Costa Rica, Leopoldo Nelson Brozzo Botelho, pelo crime de lavagem de verbas federais. De acordo com a denúncia, o executivo foi responsável por ocultar a origem ilegal de mais de R$ 1 milhão proveniente do esquema de desvio de recursos públicos da saúde, revelado a partir da Operação Maus Caminhos.

A empresa tem como sócios Francisco Reis Gomes Silva, Leopoldo Nelson Brozzo Botelho e Douglas Araújo de Freitas.

Aditivos milionários

Mesmo com histórico de denúncias de irregularidades, a gestão do secretário Pauderney Avelino não considerou riscos e assinou aditivos em contratos milionários com a Costa Rica. No dia 1º de abril de 2021, Pauderney Avelino assinou segundo termo aditivo com a empresa Costa Rica que custará R$ 14,9 milhões aos cofres da Prefeitura de Manaus. O aditivo é para “serviços de manutenção corretiva predial destinados à Unidades Educacionais” e tem prazo de vigência de 12 meses.

Em novembro do ano passado, Pauderney firmou outro aditivo com a Costa Rica, desta vez um valor mais "modesto" que totaliza R$ 3,7 milhões. Desta vez, o aditivo é para acrescentar “serviços e valor ao Contrato nº 037/2019 SEMED, correspondente a 24,99% do valor do contrato, referente à prestação de serviços de manutenção.”.

A “farra” dos aditivos não finalizou ainda e, em 21 de dezembro do ano passado, Pauderney Avelino publicou no Diário Oficial do Município, mais um aditivo assinado em outubro em benefício da Costa Rica. Com o valor total de R$ 1,9 milhão, a Semed firmou terceiro termo aditivo para estender por mais 12 meses o “contrato número 006/2019, por mais 12 meses, a contar de 01/11/2021, referente à prestação de serviços de engenharia para manutenção de subestações de energia elétrica, compreendendo fornecimento de peças, materiais e demais insumos para atender as necessidades das unidades educacionais da Semed”.

Maus Caminhos

A participação de Leopoldo Botelho no esquema de corrupção veio à tona em dezembro de 2017, com a deflagração da operação Custo Político, desdobramento da operação Maus Caminhos. As investigações do MPF mostraram que o diretor da empresa Costa Rica Serviços Técnicos recebeu, por meio de três transferências realizadas por Priscila Coutinho da conta da empresa Salvare Serviços Médicos, R$ 1.094.878,19, sob pretexto de pagamento por suposto contrato de mútuo gratuito.

Em interrogatório policial, o réu alegou que a suposta motivação dessas transferências seria a devolução de mútuo realizado em 1º de setembro de 2015 da empresa Costa Rica para a Salvare, no valor de R$ 80 mil. Os R$ 20 mil a mais transferidos pela Salvare se justificariam, segundo ele, diante do atraso na devolução, corrigidos pelos índices da poupança. Para o MPF, a afirmação não corresponde com o valor calculado com base nos índices oficiais do mercado, que deveria ser de R$ 14.878,19, e não R$ 20 mil.

A denúncia do MPF traz, ainda, afirmação de um dos sócios da empresa Costa Rica, Francisco Reis Gomes Silva, de que ambas empresas não possuem nenhuma relação comercial, inclusive, atuando em ramos absolutamente distintos. O documento destaca também que sequer houve a preocupação de formalizar um contrato por escrito que provasse a existência do vínculo comercial sustentado no depoimento e que a falta de qualquer definição de juros remuneratórios tornaria o suposto negócio absolutamente antieconômico.