Alckmin manifesta preocupação com fala de Lula sobre reforma trabalhista

Alckmin manifesta preocupação com fala de Lula sobre reforma trabalhista

Na conversa, Paulinho da Força afirmou que as centrais não planejam desfazer a reforma trabalhista inteira. Avaliam, no entanto, que, desde as mudanças aprovadas no governo Temer, em 2017, o Brasil vive uma escalada de desemprego. “Nosso maior desafio é tirar o País dessa situação e pensar em mais emprego e renda para o brasileiro”, disse o ex-governador. À noite, o presidente Jair Bolsonaro rebateu as críticas. “Com muitos direitos, você pode não ter emprego”, reagiu ele, em entrevista à Jovem Pan.

Lula fará nesta terça, 11, uma reunião com representantes do governo da Espanha, a fim de debater a reforma trabalhista promovida naquele país em 2012 e a sua respectiva revisão. Presidentes de centrais sindicais do Brasil e da Espanha foram convidados para o encontro, que será na Fundação Perseu Abramo. Adriana Lastra, vice-secretária-geral do PSOE – o partido de Pedro Sánchez, presidente do governo da Espanha -, e José Luis Escrivá, ministro de Seguridade e Migrações, terão participação virtual.

Negociação

Paulinho da Força disse a Alckmin que as centrais querem uma negociação tripartite entre governo, trabalhadores e empresários Uma das ideias é mudar um artigo do texto que passou pelo Congresso para que predomine o que for aprovado em assembleia, notadamente em relação à cobrança da contribuição sindical por categoria. No diagnóstico das centrais, a reforma trabalhista asfixiou financeiramente as entidades.

O Estadão apurou que o ex-governador gostou da conversa. Sem partido desde 15 de dezembro, quando deixou o PSDB, Alckmin está entusiasmado com a proposta para ser vice de Lula e não pretende mais concorrer ao governo paulista. No ano passado, contratou o marqueteiro Henrique Abreu para cuidar de suas redes sociais, como Twitter e Instagram, e saiu do ostracismo digital

A possível entrada do ex-tucano na chapa petista, porém, provoca protestos. “Numa eleição aguerrida como essa, não podemos ter um anestesista como vice”, ironizou o deputado Rui Falcão (SP), ex-presidente do PT. Até mesmo um abaixo-assinado contra a dobradinha foi organizado por correntes do partido. O site Página 13, da tendência Articulação de Esquerda, tem destacado frases ofensivas do ex-tucano, batizado de “picolé de chuchu”, na direção do PT, de Lula, da ex-presidente Dilma Rousseff e do ex-prefeito Fernando Haddad.

Terceira via

Alckmin disse não acreditar numa terceira via na eleição de outubro. Na sua avaliação, a disputa será polarizada entre Bolsonaro e Lula, líder nas pesquisas de intenção de voto. “Eu também não acredito nessa terceira via”, afirmou Paulinho ao Estadão. “Acho que, se houver a chapa Lula-Alckmin, a vitória será no primeiro turno.”

Até agora, as negociações mais avançadas de Alckmin para essa aliança foram com o PSB. O problema, porém, é que os petistas não aceitam apoiar os candidatos do partido aos governos de São Paulo, Rio, Espírito Santo, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Acre

“Nós dissemos ao Alckmin que o PT não vai abrir mão desses Estados e muito menos de lançar o Haddad em São Paulo”, relatou Paulinho. “No Solidariedade não haverá exigência para nada.” O convite do Solidariedade foi antecipado pelo Estadão. O ex-governador ainda não decidiu, no entanto, a qual partido se filiará.

Diante dos obstáculos para o casamento com o PT de Lula, o PSB resolveu fazer um movimento paralelo e negociar com o PDT do presidenciável Ciro Gomes. Na quarta-feira passada, houve uma reunião entre dirigentes do PSB e do PDT, em São Paulo. Naquele dia, porém, ocorreu uma operação da Polícia Civil contra o ex-governador Márcio França, pré-candidato do PSB ao Palácio dos Bandeirantes. A ação foi comparada à investida da PF contra Ciro Um novo encontro deverá ser realizado ainda neste mês.