TV e cinema pós-pandemia: sem sexo, beijos e com estreias acumuladas
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De acordo com a Agência Nacional do Cinema (Ancine), no ano passado o segmento de audiovisual registrou o melhor momento dos últimos 17 anos, no quesito valores totais: foram mais de R$ 2,7 bilhões arrecadados. O público geral foi de 172,2 milhões de pessoas, que assistiram a 887 filmes lançados.
Utilizando esse número apenas como um guia, para efeitos de análise do tamanho do rombo causado pela doença, caso os cinemas sejam liberados em julho, como o setor prevê, serão cerca de quatro meses sem arrecadação – um prejuízo de cerca de R$ 900 milhões (sem estimar eventual aumento de receita que poderia surgir se a economia do país crescesse como o esperado).
Números que demorarão se se repetir por conta da Covid-19. Afinal, falar de uma doença de tamanha proporção é algo comum nas telonas, mas o que ninguém imaginava há pouquíssimo tempo era que isso se tornaria realidade e que até frequentar uma sala de cinema seria um risco.
Para que o cinema volte a ser "a maior diversão" e cinéfilos voltem a curtir filmes e pipocas no escurinho das salas de projeção, será necessário esperar alguns meses. De acordo com Oliveira, a expectativa é de que o cinema no Brasil volte a funcionar em julho, acompanhando os protocolos de segurança dos países estrangeiros.
Como ocorreu na Itália, que anunciou nessa semana que seus cinemas serão reabertos em junho. As salas deverão cumprir medidas de distanciamento social como espaçamento entre assentos e venda de ingressos on-line. No Reino Unido, o retorno está previsto para 4 de julho, também seguindo protocolos de segurança.
O cinema norte-americano já anunciou que há datas marcadas para grandes lançamentos, como "Unhinged", thriller com Russell Crowe, em 1º de julho; "Tenet", novo filme de Christopher Nolan, em 17 de julho; e "Mulan", live-action da Disney, em 24 de julho.
Aqui no Brasil, o diretor de programação do Circuito Itaú de Cinema promete que a volta do cinema irá surpreender os telespectadores. "Iremos trazer elementos de escape. Queremos as pessoas sorrindo, algo que não é muito comum neste momento", promete.
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A palavra para a retomada da telona é diversidade. "Queremos passar bons filmes e aflorar os sentimentos, seja pela comédia ou pelo terror. Teremos novidades em cartaz e também vamos reprisar alguns clássicos do fundo do baú", diz Oliveira.
Mesmo com a demanda nula, o Circuito Itaú de Cinema afirma que não demitiu nenhum dos seus funcionários. "Os nossos maiores patrimônios são as pessoas que trabalham com a gente e os telespectadores", afirma Adhemar Oliveira.
espaço itau de cinema - sala vipespaço itau de cinema - sala vipsala de cinemaClose up of empty red cinema or theater armchair. Mock up, 3D Rendering0O passaporte para a sala de cinema também sofre com o coronavírus, mas, de acordo com a Ingressos.com, o objetivo ainda é manter o telespectador próximo à cultura do audiovisual.
Nas redes sociais a empresa criou uma campanha. "O projeto "Estamos Juntos Nessa!" surgiu com o objetivo de manter a Ingresso.com próxima do fã de cinema, com a produção de conteúdos especiais para matar a saudade das telonas e mergulhar no universo das grandes estreias do calendário que estão por vir", explica a assessoria.
Também foi implementado um calendário especial de lives comandadas pelos especialistas Renata Boldrini e pelo casal Cris e Panda, fundadores do Coxinha Nerd. As lives contam com a participação de um convidado e acontecem sempre às quartas-feiras, às 21h.
A Ingressos.com também afirmou que mantém os seus colaboradores em home office e produzindo para oferecer a melhor experiência aos clientes quando as salas de cinema reabrirem.
Guto Bicalho, presidente da Associação Brasileira de Cinema e de Animação (ABCA), afirma que a pandemia afetou o setor, de fato, mas a crise vem desde o início do governo Jair Bolsonaro. "Nossa maior dificuldade continua sendo perante o governo, relacionada à liberação de verba e à renovação dos editais", expica Bicalho.
Ele também diz ser necessária a manutenção dos incentivos: "Temos muitos projetos que ganharam editais e ainda não conseguiram a liberação do dinheiro. Geralmente já demora, mas agora com a pandemia, as pessoas não têm a certeza se vão receber".
"Entendemos que nesse momento o governo tem outra prioridade que é a saúde, mas vejo que isso não afetaria o caixa destinado à cultura. Porém, há um questão que deve ser pensada. Essa incerteza instabiliza muito o nosso mercado", ressalta.
Mas mesmo com o coronavírus e a falta de recursos, produções que usam a técnica de animação continuam a todo vapor. "Ainda é possível continuar o trabalho em alguns segmentos, como a animação em 2D e 3D", técnica que Bicalho está produzindo de casa, a partir do novo longa metragem que elabora. "Já a gravação da voz dos personagens e a técnica de stop motion estão inviabilizadas, pois precisam do estúdio", afirma o presidente da ABCA.
Por outro lado, os serviços de streaming faturam alto em tempos de isolamento social. Em balanço divulgado em janeiro deste ano, a Netflix, a empresa mais popular de filmes e séries via streaming, revelou que, de outubro a dezembro do ano passado, obteve lucro de US$ 587 milhões.
No dia 8 de abril, o Tribunal de Contas da União (TCU) emitiu um ofício à Secretaria Especial da Cultura e à Ancine cobrando explicações sobre a paralisação das políticas de fomento, como a suspensão do repasse do FSA em 2018 e 2019. As entidades têm até o dia 23 para responder.
Em nota a Ancine afirmou que algumas medidas estão sendo tomadas para apoiar o setor do audiovisual durante a pandemia de Covid-19:
"As propostas que apresentamos hoje são complementares. Um eixo prevê a manutenção das políticas públicas, seguindo nosso compromisso de reformulação e modernização. O outro eixo busca uma redução dos impactos da atual situação da Covid-19. Ambas miram um horizonte: a adequada aplicação de recursos públicos e a preservação das atividades", completa a nota.
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