Curso de Medicina da Ufam em Coari está sem professores, turmas reclamam.

Alunos do curso no município denunciam os prejuízos que vêm sofrendo com a falta de profissionais nas salas

Curso de Medicina da Ufam em Coari está sem professores, turmas reclamam.

Sem professores para ministrar as aulas de conteúdo clínico, os alunos das três turmas de Medicina da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) do campus de Coari, distante 366 quilômetros de Manaus, clamam pela melhoria e condições de estudo.

A aluna Raphaelly Venvel, 22, conta que a instituição vive uma série de problemas desde a criação da faculdade, em 2016. Segundo ela, a partir do terceiro período, quando inicia os estudos clínicos, é preciso que os módulos sejam ministrados por professores médicos, onde há deficiência no corpo docente.

"Efetivamente, nós temos seis professores, porém apenas três deles aparecem. Para o nosso atual período letivo, temos que cumprir a disciplina de clínica multidisciplinar I com 510h, que compreende os módulos de infectologia, dermatologia, psiquiatria, reumatologia, neurologia e nefrologia. Porém apenas um tem área de competência compatível para ministrar a disciplina que é infectologia", apontou ela.

A acadêmica Karla Oliveira, 26, saiu de Boa Vista (RR) para concretizar o sonho de estudar Medicina, em Coari. De acordo com ela, nesse semestre, faltam professores em vários módulos do quarto período. "Temos as disciplinas de Saúde da Mulher, em que um professor vem quinzenalmente para o município; Temos Saúde da Criança, mas não há professor da área, inclusive, há um professor que por boa vontade, dá aula para a gente. Para Propredeutica II, não tem professor e nem substituto, já Família e Comunidade, subdividida em outras disciplinas como epidemiologia e bioestatística. Para um não temos professor médico e no outro temos um professor, mas para lecionar isso não precisa ser médico", afirmou.

Atualmente, o curso de Medicina em Coaria possui três turmas, com 40 alunos no total. Os estudantes afirmam que acionaram todas as instâncias da Ufam, inclusive a reitoria e pró-reitoria e o Ministério Público Federal (MPF-AM). "Nós já procuramos coordenação de curso, direção do instituto, pró-reitoria, reitoria, Ministério da Educação, MPF, e não vemos nada sendo feito", disse Raphaelly. Procurada pela reportagem, a Ufam não se manifestou sobre o caso.

Recomendação

Em março deste ano, o MPF recomendou ao reitor da Ufam, Sylvio Puga, a estruturação do curso de Medicina no município de Coari e a reavaliação do plano pedagógico do curso, compatibilizando a carga horária de cada disciplina ao que é ministrado na capital. O documento estabelece prazo de 15 dias para que o reitor informe o órgão sobre o acatamento da recomendação.