Ex-ministros dizem que Bolsonaro busca conflitos

Eduardo Cardozo, ministro no governo Dilma Rousseff; Raul Jungmann, que integrou governo Temer; e Eduardo Gomes, líder do governo no Congresso, participaram de debate na [...]

Ex-ministros dizem que Bolsonaro busca conflitos
Eduardo Cardozo, ministro no governo Dilma Rousseff; Raul Jungmann, que integrou governo Temer; e Eduardo Gomes, líder do governo no Congresso, participaram de debate na GloboNews. Os ex-ministros José Eduardo Cardozo e Raul Jungmann afirmaram neste sábado (30) que o presidente Jair Bolsonaro "busca o conflito" com os demais poderes da República. Já o líder do governo no Congresso, senador Eduardo Gomes (MDB-TO), disse que Bolsonaro se defende democraticamente de ataques que recebe.

Os três deram as declarações durante debate sobre democracia, fake news e crise institucional promovido pela GloboNews.

Eles foram questionados sobre recentes atitudes do presidente Jair Bolsonaro, caso de postagem feita neste sábado em que o presidente afirma que "tudo aponta para uma crise" e elenca reportagens sobre decisões do Judiciário a respeito do governo e seus aliados.

Ministro da Defesa e da Segurança Pública no governo do ex-presidente Michel Temer, Raul Jungmann afirmou que Bolsonaro optou por fazer um "presidencialismo de colisão" em vez de praticar o presidencialismo de coalizão, para ter governabilidade.

"O presidente, ao não fazer o que todos os presidentes fizeram [presidencialismo de coalizão], apela para o conflito, e esse conflito termina se voltando exatamente para ele próprio", afirmou Jungmann.

"O que se espera é que ele resolva governar com os demais poderes e não através da colisão com esses poderes", completou o ex-ministro.

José Eduardo Cardozo, que chefiou o Ministério da Justiça na gestão Dilma Rousseff, diz que o país tem visto "a busca do conflito", "do choque permanente".

Já o senador Eduardo Gomes, que é líder do governo Bolsonaro no Congresso, disse que o presidente tem o estilo de defender pessoalmente o governo, mas que têm feito isso de maneira democrática.

"O que muita gente chama de ataque é a defesa do presidente pelos ataques que recebe", afirmou o parlamentar do Tocantins.

Crime de responsabilidade

José Eduardo Cardozo citou a suposta interferência de Bolsonaro na Polícia Federal – que motivou a saída do ex-ministro Sergio Moro do governo – e a participação do presidente em atos antidemocráticos para defender a hipótese de que o chefe do Executivo cometeu crime de responsabilidade e deveria ser submetido a um processo de impeachment.

"Eu não acho. Eu tenho certeza de que é crime de responsabilidade", afirmou.

Já o líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes, disse não ver a "menor possibilidade" de um processo de impedimento do presidente.