Sem vaga na UTI, cantor sertanejo morre aos 28 anos com covid-19

Sem vaga na UTI, cantor sertanejo morre aos 28 anos com covid-19

O cantor sertanejo Diego Argenton, de 28 anos, da dupla Bruno e Diego, morreu vítima de complicações da Covid-19, após não conseguir vaga em leito de UTI, em Assis Chateaubriand, no interior do Paraná.

Ele deixa a esposa, Nathalia Eichinger Argenton, e os dois filhos: Lucca, de 4 anos, e Lara, de apenas 40 dias.

Nas redes sociais, a mulher e a sua dupla, Bruno Bortoloto, fizeram homenagens comoventes.

"Ele era único, carismático, querido, atencioso, amoroso, cativante. Deixou muitos amigos, fãs por todos os lugares. Ele me ensinou tudo de melhor, ele me tornou uma pessoa diferente, mas ele esqueceu de me ensinar a viver sem ele. Tinha formação em música, extremamente apaixonado pela profissão. Tocava sanfona, violão, teclado, cajon, em qualquer coisa ele dava o jeito dele, fazia a arte dele e a alegria de todo mundo", disse Nathalia.

"Nesses 11 anos, nunca existiu Bruno sem Diego, aprendi com você o que era humildade, o que era carisma. Sempre alegre, brincalhão e quando a gente não estava num dia legal, era você quem motivava a gente. Você sempre meu deu muita força em todos os sentidos da vida e é dessa energia que eu vou precisar daqui pra frente. Diego sempre dizia que a música tem que tocar o coração das pessoas e coração você tinha de sobra", escreveu Bortoloto.

Ao G1 Paraná, a esposa contou que Diego estava com Covid-19, cumprindo a quarentena isolado e estava bem, tendo apenas febre. Mas na terça-feira (16) ele passou a ter sintomas mais fortes. "Começou a passar mal. Levei ele no posto de Covid da cidade, e até então ele não tinha nenhum problema de saúde. Quando iniciei o pré-natal da Lara, ele também fez uma bateria de exames comigo e não tinha nada de errado. E agora nessa semana apontou a diabetes no 'pós-Covid', segundo os médicos. No postinho, aplicaram soro com medicamento, mas ele continuou piorando. Na quarta, eu levei ele novamente lá, tomou mais duas bolsas de soro, com complexo B, e aí sim agravou mais", contou.

Eles tentaram atendimento particular: "Ele só falava: 'por favor, não me deixa sozinho'. Ali ele já não andava direito, estava muito fraco, não comia há dias. O médico internou ele, deu soro e pediu exames. Durante a madrugada, tomou complexo B de novo. Quando foi umas 6h, o médico falou: 'a situação é mais séria do que a gente imagina, ele está com a diabetes altíssima, agora a gente vai ter que passar sonda e se ele não melhorar vamos ter que correr atrás de um leito de UTI'. Umas 15h, conseguimos um leito em Toledo, mas para ele poder entrar, a Unimed exigia o teste RT-PCR positivo para Covid. Os outros testes, de sangue, apontavam que ele teve, mas o do cotonete já não apontava mais. O plano não quis receber o Diego pelo fato de não ter esse exame positivo", disse.

Nathalia relatou que a negativa do plano de saúde deixou Diego desamparado, entrando em coma: "Ele não suportou. É duro pensar que se tivessem aceitado ele lá talvez pudesse ter revertido a situação, ele poderia ter melhorado, ele poderia estar aqui vivo. Essa exigência do plano em ter esse exame, mesmo já confirmando de outras formas que ele teve sim o coronavírus, foi muito decepcionante. No atestado de óbito diz que ele teve coma diabético, por complicações da Covid".