Cientista que fez alerta sobre 3ª onda da covid no Amazonas é ameaçado

Cientista que fez alerta sobre 3ª onda da covid no Amazonas é ameaçado

Lucas Ferrante, cientista do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), está sofrendo ameaças de morte por conta de seus estudos sobre a Covid-19 e o desmatamento, e recentemente chegou a sofrer uma agressão física. O biólogo também participou da pesquisa que afirma que Manaus pode viver 3ª onda da Pandemia do Covid-19, e que esta pode durar até 2023.

O Sindicato dos Servidores Públicos Federais no Amazonas (Sindsep-AM) irá acionar a Central Única de Trabalhadores (CUT) e a Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef) em defesa do cientista.

Para Walter Matos, secretário-geral do sindicato, a repercussão é importante para dar visibilidade à situação e trazer mais proteção a Lucas Ferrante.

"Precisamos formar barreiras de proteção ao redor do pesquisador, que vem sendo atacado desde 2019. Levaremos esse debate para a CUT e a Condsef e pediremos que denunciem a situação aos órgãos de Justiça nacionais e internacionais. Além disso, nós do sindicato iremos apresentar denúncia junto à bancada amazonense no Congresso Nacional", afirma Walter.

O secretário lembra que o pesquisador do Inpa é atacado há pelo menos dois anos, quando ganhou visibilidade na atuação em defesa da Amazônia com publicação de estudos internacionais e denúncias contrárias à agenda e o pensamento do governo federal. O primeiro deles é ligado à expansão da plantação de cana-de-açúcar na Amazônia e Pantanal, concedida por Bolsonaro em novembro de 2019. Por este motivo, Ferrante denunciou o presidente por crime de "lesa-pátria" ao Ministério Público Federal.

Casos de ameaça e agressão

Em vídeo publicado no canal do The Intercept Brasil, no Youtube, nesta terça-feira (16), Lucas Ferrante contou sobre as ameaças de morte e agressões físicas que vem sofrendo desde que passou a publicar estudos sobre temas como desmatamento, BR-319 e coronavírus.

"Foram pelo menos três ameaças feitas no meu celular pessoal, de números que não se identificaram, dizendo que eu deveria parar de falar o que eu estava falando, que eu iria pagar por isso, e que eu estava interferindo em assuntos de segurança nacional, dos quais o próprio governo tinha interesse", afirmou Lucas, no vídeo.

Em outro trecho, o pesquisador relatou ter pedido uma corrida por aplicativo, e, ao entrar no carro, percebeu que o veículo não era o solicitado. Após desviar da rota, o motorista disse não ser Uber, mas que tampouco iria assalta-lo. Em seguida, o homem agrediu Lucas com um objeto pontiagudo. Assista o depoimento completo: