O Decreto da Discórdia

O Decreto da Discórdia

O decreto do governo do Amazonas, que flexibiliza o funcionamento do comércio e que começa a vigorar a partir desta segunda-feira é uma negação de riscos e uma abertura a disseminação da Covid 19 e suas variantes. Permitir que bares e restaurantes funcionem das 6hs da manhã as 20hs, é uma anomalia que, entretanto, se explica: é produto, como já dissemos, repetidamente, da miopia de um governador caolho, incapaz de enxergar o presente ou planejar o futuro. E de grupos cúmplices, negacionistas - gente que lamenta as mortes que ocorrem todos os dias, mas aplaude medidas que levam ao desastre social, epidemiológico e sanitário.

A necropolítica adotada pelo governador Wilson Lima não é apenas incentivada pelo presidente Jair Bolsonaro - que Lima insiste em agradar - mas por empresários do comércio que entendem que o isolamento social é necessário, mas que só vale para eles, que se escondem em sítios, chácaras, enquanto seus funcionários morrem todos os dias e outros assumem, como se apenas números fossem e não pessoas.

Manaus é uma cidade infeliz. Elegeu um prefeito aprendiz, mas com um olhar na politica. Critica as medidas adotadas pelo governador, mas não intervém - como seria seu dever - pelo simples fato de que, se tudo der errado - e especialistas advertem que o risco de isso ocorrer é grande - com uma terceira onda de Covid 19 matando dezenas de milhares de pessoas, o ônus será do governador e não dele.

O que não percebe - ou percebe ? - é que isso não é um jogo, que vidas de milhares de pessoas dependem de um gesto seu, de impor autoridade, de participar de forma ativa e decisiva das ações inerentes ao combate a Covid. E isso se aplica também às medidas de distanciamento social e da abertura ou não de atividades que, por si mesmas, constituem um grande risco para a saúde da população.

É nos bares e restaurantes que as máscaras são deixadas de lado e, seguramente, são locais de maior transmissão da Covid 19. Ninguém bebe, almoça ou janta sem tirar a máscara.

Se a sociedade não foi preparada para este momento, se as pessoas insistem em comer e beber fora de casa e se o governador afrouxa, cabe ao prefeito adotar medidas duras que impactem na redução da transmissão do vírus. Há, aí, evidentemente, um custo político. Mas o prefeito é o comandante da cidade e é seu dever fazer a coisa certa.