Rafael conta detalhes do crime e dispensa advogados ao chegar em Manaus

Rafael conta detalhes do crime e dispensa advogados ao chegar em Manaus

Descalço e fazendo uso de máscara, Rafael Fernandez Rodrigues, 31, chegou à sede da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS), por volta de 21h40 da noite deste sábado (16), cinco dias depois de supostamente ter cometido o assassinato da ex-namorada e Miss Manicoré, Kimberly Mota, de 22 anos, encontrada morta no apartamento do criminoso, localizado no Centro de Manaus. A policiais, ele confirmou o crime.

A Polícia Civil do Amazonas montou uma força-tarefa em conjunto com as polícias Civil e Militar do estado de Roraima, a fim de conseguir efetuar a prisão de Rafael, que conseguiu fugir em um carro modelo Audi, de cor branca, minutos depois de ter cometido o crime. Ele tentava chegar à Venezuela.

Já em Manaus, o titular da DEHS, delegado Paulo Martins, destacou que a ação das polícias roraimenses foi fundamental para que a captura do criminoso tivesse êxito. "Temos que deixar registrado aqui o grande empenho e apoio que tivemos das polícias Civil e Militar, que nos ajudaram nessa missão", declarou.

Conforme Martins, a caminho de Manaus, Rafael revelou à equipe policial os detalhes do crime. "Ele disse que, na noite do crime, eles estavam no apartamento dele, quando a Kimberly foi ao banheiro. Naquele momento, ele pegou o celular dela, descobriu a senha e viu mensagens de outros homens, com os quais a moça conversava. Ele disse que isso o fez ficar com muita raiva. Foi então quando ele foi à cozinha, pegou uma faca, a escondeu nas costas e foi deitar na cama com a vítima. Em um momento de distração, ele deu o primeiro golpe, que ele disse ter sido bastante violento. Logo depois, quando ela já estava desfalecida com o primeiro golpe, ele aplicou os outros dois", contou.

"A ideia dele era levá-la até o banheiro para lavá-la, já que tinha bastante sangue, e se livrar do corpo. No entanto, ele não conseguiu carregá-la e a deixou no chão. Depois que ele viu o que fez, ligou para o pai explicando sobre o que aconteceu, dizendo que foi em um momento de raiva, quando ele estava bastante atordoado. O pai o aconselhou a se entregar, mas ele não obedeceu", detalhou o delegado.

Depois de deixar o apartamento, o suspeito seguiu com o veículo desnorteado. Em confissão, ele alegou que percorreu pela estrada rodovia AM-010, por engano, depois ele retornou o caminho e seguiu para a BR-174. "Ele estava bastante atordoado, pegou o caminho errado e acabou retornando. Nesse momento, ele disse que em um ponto da estrada, jogou o celular da vítima em uma área de mata".

"Quando chegou ao município de Pacaraima, acabou capotando o carro, mas saiu com alguma ferimentos. Após isso, ele pediu carona a um caminhoneiro que passava pelo local até Caracaraí. A ideia dele era cruzar a fronteira do Brasil com a Venezuela. Ele até nos disse que um venezuelano tentou passá-lo pela barreira, mas não conseguiu devido estar fechada por conta das ações sanitárias referentes ao coronavírus. Inclusive, ele falou que quase morreu por lá. Teve que pagar mais de mil reais, se não os venezuelanos iriam matá-lo", explicou o titular.

Depois de não ter conseguido entrar na Venezuela, o suspeito retornava, quando foi reconhecido como foragido. "Uma pessoa denunciou anonimamente o local onde ele estava sendo abrigado, na fronteira, onde a polícia de Pacaraima o prendeu", relatou Martins.

A Polícia Civil roraimense confirmou, além de Rafael, a prisão de dois venezuelanos que o ajudaram a se esconder. Eles assinaram um Termo Circunstanciado e foram liberados, conforme informou o titular da Especializada, acrescentando que o técnico judiciário se culpa constantemente pela morte do pai.

Ao chegar na sede da DEHS, Rafael negou dois advogados de defesa, um deles instituído pela própria mãe. "Ele negou as duas defesas e disse que ele próprio instituiu um advogado, que deverá chegar para então o interrogarmos", afirmou Martins.

O delegado Titular revelou que Rafael poderá ajudar a PC a tentar localizar o celular de Kimberly, peça fundamental utilizada no inquérito.

O suspeito permanece na sede da DEHS, onde aguarda o interrogatório.