Ex-presidentes alertam para risco de crise institucional e pedem a Bolsonaro que evite conflitos

Temer, Fernando Henrique e Collor participaram de debate por videoconferência. Ex-presidentes também defenderam a Constituição a superação de momentos de crise.

Ex-presidentes alertam para risco de crise institucional e pedem a Bolsonaro que evite conflitos
Temer, Fernando Henrique e Collor participaram de debate por videoconferência. Ex-presidentes também defenderam a Constituição a superação de momentos de crise. Os ex-presidentes da República Michel Temer (2016-2018), Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e Fernando Collor de Mello (1990-1992) alertaram nesta segunda-feira (4) para o risco de crise institucional no país.

Ao participarem de um debate por videoconferência, organizado pela TV ConJur, os ex-presidentes também pediram ao presidente Jair Bolsonaro que evite conflitos com os demais poderes, promovendo a união da sociedade.

Durante o debate, os ex-presidentes não chegaram a mencionar especificamente a ida de Bolsonaro a atos em Brasília com pautas antidemocráticas e inconstitucionais.

Neste domingo (3), Bolsonaro participou de uma manifestação contrária ao Supremo Tribunal Federal, ao Congresso Nacional e com faixas que pediam intervenção militar.

Para os ex-presidentes, o momento exige diálogo, e Bolsonaro deveria adotar um tom conciliador.

O que disseram os ex-presidentes

Na videoconferência, Temer disse que chegou a telefonar para Bolsonaro para lhe dar conselhos. Um desses conselhos, segundo o ex-presidente, foi para que Bolsonaro decretasse isolamento social por "10 ou 12 dias" e o outro, que não falasse todo dia com os apoiadores e a imprensa.

"O presidente, muitas vezes, faz a pauta do país. Ele diz de manhã e passa o dia em conflituosidade", disse.

"A crise [...] avançou, é uma crise das instituições. A crise institucional nasce da palavra, do verbo, isto é que nós temos que superar neste momento", acrescentou, em outro momento.

Na avaliação de FHC, "estamos próximos de uma crise institucional".

"Nessas horas, eu acho que as Forças Armadas têm papel importante e acho que elas compreenderam até agora o papel, que é fazer com que a Constituição Federal valha. Não há outro modo de sair além senão de respeitarmos a Constituição", ressaltou.

Para Collor, "já há em gestação uma crise institucional", e as palavras de Bolsonaro "criam desassossego e exasperação" quando o país precisa de "paz".

Ainda na avaliação do ex-presidente, o chefe do Poder Executivo pode ajudar com "seu comportamento", não com "dissonâncias que ele vem todos os dias nos trazendo com esse cálice tão difícil de ingerir".

Relação com o Legislativo

Ao comentar a relação entre os poderes Executivo e Legislativo, FHC disse que Bolsonaro, "ao invés de provocar a coesão, provoca a ruptura". Afirmou dainda que Bolsonaro "não é o Estado" e tem que levar em consideração a opinião das pessoas.

O ex-presidente observou que o país vive na democracia e que é preciso ouvir o Parlamento e formar uma maioria se quiser governar com tranquilidade. "Quem tem dificuldade de formar maioria, se choca com o Congresso, tem dificuldade em se manter", declarou.

"Ao se isolar, é muito difícil governar", disse. Ele afirmou, entretanto, ser necessário ter cautela em relação a "medidas radicais", como o impeachment.

Temer foi na mesma linha. Disse que "quem governa não é apenas o Executivo". "Quem governa é o Executivo juntamente com o Legislativo", destacou. Quando presidente da República, o emedebista repetia essa frase constantemente.

"O Executivo executa o poder popular e quem é que vocaliza a vontade do povo? É a lei. E quem faz a lei é o Legislativo", completou.