Mourão sobre reforma: "Estado não ficará com servidor até o fim da vida"
Proposta do governo que mexe com o funcionalismo público foi enviada ao Congresso nessa quinta-feira
Em contrapartida ao funcionalismo público, a remuneração média do setor privado caiu – levemente, mas caiu: de R$ 2,5 mil a R$ 2,4 mil, queda de 4%, no mesmo período.
Os valores, que consideram a inflação registrada nesses anos, foram levantados em estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea). Os pesquisadores analisaram três décadas do funcionalismo público no Brasil.
Dessa maneira, enquanto o salário do trabalhador de empresas privadas – que ganha relativamente menos – não mudou de patamar, servidores públicos tiveram ganho real médio anual de 0,73%.
Parte das regalias do funcionalismo público é alvo da reforma administrativa enviada pelo governo federal nessa quinta-feira (3/9) ao Congresso em forma de proposta de emenda à Constituição (PEC).
Entre as mudanças apresentadas pelo Ministério da Economia, está o corte de benefícios e vantagens, além de alterações no regime de contratação. Licenças, aumentos e férias superiores a 30 dias serão dificultados ou até mesmo extintos. Após concurso público, só os mais bem avaliados serão efetivados.
"As remunerações mensais médias variam de modo significativo entre os três níveis federativos. No nível federal, elas são maiores e, no municipal, menores", explica o pesquisador Felix Lopez.
O salário médio no nível federal quase dobrou nas últimas três décadas: em 1986, esses servidores públicos ganhavam R$ 5 mil; em 2017, R$ 9,2 mil. Isso representa um aumento médio real anualizado de 1,9%. No acumulado, o crescimento foi de 84%.
No nível estadual, a remuneração mensal média passou de R$ 3,6 mil para R$ 5 mil, o que significa um crescimento médio anual de 1% e aumento real acumulado de 39%.
"No nível municipal, essa remuneração passou de R$ 2 mil para R$ 2,9 mil, o que representa um crescimento anual médio de 1,1% e aumento acumulado de 41%", completa o texto.
No âmbito federal do Poder Legislativo, a remuneração é maior do que a média apresentada pelo Executivo, por exemplo, mas registrou uma queda durante o período analisado.
Entre 1986 e 2017, o salário desses servidores diminuiu de um valor médio de R$ 12 mil por mês para R$ 9,9 mil, uma variação média anual real negativa de 0,6%.
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Movimento semelhante aconteceu nas câmaras municipais, que tiveram queda de 0,45%. Porém, no Legislativo estadual a remuneração média passou de R$ 6,3 mil para R$ 7,8 mil (+0,67%).
"A remuneração mensal média do Legislativo federal é superior à do Legislativo estadual em toda a série, bem como é superior à remuneração mensal deste último em relação ao Legislativo municipal", explica Felix.
"Ao contrário do Executivo, contudo, a imagem geral dos legislativos nos três níveis é de estabilidade temporal nas remunerações", prossegue o pesquisador.
Nessa quarta-feira (2/9), o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), anunciou a proposta de reforma administrativa da Casa. Entre as mudanças propostas, estão a redução do salário de ingresso dos novos servidores na carreira do Legislativo e o aumento de 10 para 25 níveis na carreira.
No Poder Judiciário, os pesquisadores do Ipea apontam que, em toda a série histórica analisada, a remuneração no âmbito federal foi superior à esfera estadual.
A remuneração do Judiciário federal passou de R$ 7,4 mil para R$ 14,1 mil, em 2017, com crescimento anual médio de 2%. Nos estados, o salário médio cresceu de R$ 5,8 mil para R$ 10,8 mil.
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, disse nessa sexta-feira (4/9) ser a favor da redução do salário de juízes, promotores e defensores públicos em início de carreira.
A reforma administrativa apresentada pelo governo federal, contudo, não engloba juízes.
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