Silveira teve papel de destaque nessa mobilização e fez referências ao fechamento do STF e a uma eventual intervenção militar, relata a investigação. Às vésperas do ato, o parlamentar fez alusão à declaração do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) de que só seria necessário "um cabo e um soldado" para fechar o STF. Silveira publicou: "Se precisar de um cabo, estou à disposição", acompanhado da frase "Fechado com Bolsonaro". Ele também escreveu: "Já passou da hora de contarmos com as Forças Armadas. Passou!".
Ostentando uma postura radical em suas declarações públicas, Silveira manteve contatos com o empresário Otávio Fakhoury, que já admitiu ter ajudado a financiar manifestações antidemocráticas, e com o advogado e empresário Luís Felipe Belmonte, um dos que tentam fundar o Aliança Pelo Brasil, partido ao qual Bolsonaro se filiaria.
No caso de Belmonte, o próprio Silveira admitiu à PF que tem "relação profissional" com o empresário, porque "ambos possuem um projeto de criação de núcleos para jogos eletrônicos no Brasil".
Procurado, Belmonte afirmou que estudou a possibilidade de investir na área de jogos eletrônicos e que Silveira integrava a frente parlamentar sobre esse assunto:
— Nunca houve projeto algum. Apenas conversas, no âmbito da Frente Parlamentar. Não tenho e nunca tive nenhuma atividade nem sociedade na área de jogos eletrônicos.
Silveira participou ainda de reunião do Instituto Força Brasil, do qual Otávio Fakhoury é vice-presidente. Este afirmou ao GLOBO que conheceu o parlamentar há aproximadamente dois meses nessa reunião. O instituto se descreve como "união de patriotas" criado para "oferecer subsídios para o fortalecimento dos movimentos ativistas conservadores".
— A gente fez uma reunião sobre ações que o instituto ia fazer e ele foi lá dar a sua opinião. A única coisa que posso falar é que não era uma ação antidemocrática, era um documentário, e ele foi dar a opinião dele. A gente trocava esporadicamente mensagens depois desse encontro — relatou o empresário.
Uma das frentes da investigação foi o uso de dinheiro público, da cota parlamentar de Silveira, para a produção e publicação de vídeos em suas redes sociais, nos quais o parlamentar costumava fazer ataques contra as instituições. Silveira pagava R$ 3.500 mensais para uma empresa de comunicação realizar edição de vídeos e criar o seu site, entre outras funções.
A investigação também detectou que Silveira tinha intenção de ganhar dinheiro por meio da captação de anúncios em suas redes. Em depoimento prestado em setembro, ele afirmou que ainda não havia ganhado dinheiro, mas que tinha essa expectativa.
Crimes consumados
Os fatos estão sob análise dentro do inquérito dos atos antidemocráticos, em tramitação no STF. Além desses fatos, Silveira já foi denunciado pela PGR nesta semana sob acusação de crimes ao proferir ofensas e ameaças aos ministros do STF, o que também resultou em sua prisão em flagrante. Ministros do Supremo dão como certa a condenação e, consequentemente, a inelegibilidade do parlamentar nas eleições do ano que vem. Para eles, Silveira praticou "crimes em série" que já estão "consumados".
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