Com ciúmes, homem ateia fogo em adolescente indígena no Amazonas

76ª Delegacia Interativa de Polícia de Santa Isabel do Rio Negro - Foto: Divulgação

76ª Delegacia Interativa de Polícia de Santa Isabel do Rio Negro - Foto: Divulgação

Um homem de 35 anos foi preso teve a prisão preventiva decretada, após ser acusado de atear fogo em uma adolescente indígena de 14 anos, e mantê-la em cárcere privado por quase dois meses. O caso ocorreu em uma comunidade indígena, na zona rural de Santa Isabel do Rio Negro.

De acordo com o delegado Aldiney Nogueira, da 76ª Delegacia Interativa de Polícia do município, o crime ocorreu no dia 26 de setembro de 2020 e as informações sobre o crime chegaram à delegacia somente no final de novembro do mesmo ano, por meio de um ofício do Exército Brasileiro (EB). "O documento relatava que, no momento em que militares efetuavam o transporte e segurança das urnas eletrônicas naquela região, por conta das eleições municipais, moradores do local informaram à equipe que a adolescente, pertencente ao povo Yanomami, estaria sendo mantida pelo indivíduo, que é um Tuxaua (líder indígena), em cárcere privado, após uma tentativa de feminicídio", detalhou.

Ainda conforme o titular da 76ª DIP, o acusado teria utilizado gasolina para atear fogo na vítima, que se jogou no rio para apagar as chamas. Ela ainda foi impedida de receber atendimento médico na sede do município para evitar que as autoridades competentes fossem comunicadas, sendo esse o motivo dele manter a adolescente em cárcere privado. A vítima foi resgatada no dia 24 de novembro, onde foi encaminhada a Manaus para tratar os ferimentos e ser ouvida por uma equipe multidisciplinar da Delegacia da Mulher.

Investigações – Foi alegado pelo indiciado que a motivação do crime teria sido um suposto adultério, porém os trabalhos investigativos indicaram que a vítima não mantinha nenhum relacionamento afetivo com ele. Foi constatado que ela nunca cedeu às investidas do acusado, que cometeu o crime pelo fato da jovem estar conversando com outro rapaz da comunidade.
"Com a conclusão do inquérito, constatamos que esse tipo de violência extrema contra as mulheres não é tradição de nenhuma das etnias indígenas presentes na nossa região e que ele não cometeu essa atrocidade em razão de sua origem indígena ou para manter alguma tradição, tendo agido de forma isolada", relatou.

Procedimentos – O indivíduo foi indiciado por tentativa de feminicídio e cárcere privado, e foi representado à Justiça pela prisão preventiva dele. Para a vítima, foi solicitada a concessão de medidas protetivas para que este não possa se aproximar dela, dos seus familiares e testemunhas.