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Ministro Celso de Mello atendeu pedido feito pela PGR. Abraham Weintraub indicou que China poderia se beneficiar, de propósito, da crise do coronavírus. O ministro da Educação, Abraham Weintraub, em evento sobre implantação de escolas cívico-militaresWilson Dias/Agência Brasil O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), atendeu a um pedido da Procuradoria Geral da República (PGR) e determinou na noite desta terça-feira (28) a abertura de inquérito para apurar suposto crime de racismo cometido pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub.No início do mês, Weintraub insinuou em uma rede social que a China poderia se beneficiar, de propósito, da crise mundial causada pelo coronavírus. Depois, ele apagou o texto.Segundo o vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques de Medeiros, a conduta do ministro configura, em tese, infração penal prevista na parte final do art. 20 da Lei n' 7.716/1989, que define os crimes resultantes de preconceito. A conduta é punível com reclusão de um a três anos e multa.Agora, Weintraub vai prestar depoimento sobre o caso. Em decisão desta terça-feira (28), Celso de Mello deixou expresso que ele não tem prerrogativa de definir o dia e o local de quando será ouvido, como indicou a PGR. Isso porque ele não falará como testemunha, mas investigado."Com efeito, aqueles que figuram como investigados (inquérito) ou como réus (processo penal), em procedimentos instaurados ou em curso perante o Supremo Tribunal Federal, como perante qualquer outro Juízo, não dispõem da prerrogativa instituída pelo art. 221 do CPP, eis que essa norma legal – insista-se – somente se aplica às autoridades que ostentem a condição formal de testemunha ou de vítima, não, porém, a de investigado", escreveu o ministro. O STF autorizou ainda a obtenção, dos dados referentes ao acesso usado para publicar o post – por exemplo, o IP (código único de cada computador conectado à internet) utilizado para o acesso à internet. O prazo é de 90 dias para a conclusão das investigações. Segundo o ministro, isso ocorre em função da pandemia do coronavírus. Na postagem, Weintraub disse que a China vai sair "relativamente fortalecida" da crise do coronavírus e que isso condiz com os planos do país de "dominar o mundo". Disse ainda que haveria, no Brasil, parceiros dos chineses nesse objetivo."Geopolíticamente [sic], quem podeLá saiL foLtalecido, em teLmos Lelativos, dessa cLise mundial? PodeLia seL o Cebolinha? Quem são os aliados no BLasil do plano infalível do Cebolinha paLa dominaL o mundo? SeLia o Cascão ou há mais amiguinhos?", escreveu Weintraub.Para ilustrar a postagem, ele publicou ainda uma foto de uma capa de um gibi da Turma da Mônica, que mostra os personagens na China. Usando o personagem Cebolinha, que troca o "R" pelo "L", Weintraub ridicularizou o fato de alguns chineses, quando falam português, efetuarem a mesma troca de letras.Na época, a embaixada chinesa no Brasil, também na rede social, divulgou uma resposta repudiando a fala do ministro e o embaixador, Wanming Yang, cobrou uma declaração oficial do governo sobre a fala de Weintraub.Em março, também em uma rede social, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, escreveu que a "culpa" pelo coronavírus era da China.