Por que pessoas com tripofobia estão revoltadas com o novo iPhone 11 Pro
Pessoas com 'tripofobia' estão reclamando dos mais recentes aparelhos da Apple. Tim Cook, CEO da Apple, apresenta o iPhone 11 Pro durante evento no Steve Jobs Theater, em [...]
Pessoas com 'tripofobia' estão reclamando dos mais recentes aparelhos da Apple. Tim Cook, CEO da Apple, apresenta o iPhone 11 Pro durante evento no Steve Jobs Theater, em Cupertino, CalifórniaStephen Lam/ReutersPessoas com fobia de pequenos buracos estão dizendo que o design do iPhone 11 Pro da Apple está provocando sua aversão.No lançamento do aparelho na terça-feira (10), chamou atenção o sistema de câmera traseira com três lentes de alta potência. As lentes ficam ao lado do microfone que faz "zoom de áudio".Centenas de usuários de smartphones afirmam que o novo design provocou sua "tripofobia", uma aversão à visão de grupos de pequenos buracos."A Apple não pensou em nós que temos TRIPOPOBIA ao fabricar o iPhone 11 Pro. Eu não posso comprá-lo, sentiria coceira o tempo todo, sempre que olhasse para ele", reclamou um usuário.Initial plugin textO termo "tripofobia" foi cunhado pela primeira vez em 2005 no fórum online Reddit e desde então se tornou amplamente comentado nas mídias sociais.A atriz de American Horror Story, Sarah Paulson, e a modelo Kendall Jenner estão entre as que dizem ter essa condição.O cientista da visão Dr. Geoff Cole, da Universidade de Essex, fez parte do primeiro estudo científico completo sobre tripofobia, trabalhando com seu colega, o professor Arnold Wilkins."Todos nós temos um pouco disso, é apenas uma questão de intensidade", disse Cole à BBC News.A reação à visão de pequenos buracos pode ser muito extrema, diz o estudo deles.O Dr. Cole e o Prof Wilkins relataram testemunhos de algumas pessoas que vomitaram e outras que disseram que não poderiam trabalhar por vários dias."Pode ser bastante incapacitante", acrescentou Wilkins.Apple apresenta iPhone 11 ProReproduçãoSintomasA tripofobia não é reconhecida oficialmente, pois não pode ser diagnosticada, mas foi analisada por Cole e seus colegas.Os cientistas estudaram 286 adultos e descobriram que 16% reagiam com aversão a padrões repetitivos, tendo até reações fisiológicas como o aumento dos batimentos cardíacos. Alguns manifestaram arrepios.Um dos pacientes disse que as imagens "davam-lhe náuseas e tremores".Culpa da evolução?Arnold Wilkins e Geoff Cole, os pesquisadores que realizaram o estudo, pensam que essas reações podem ser parte de um mecanismo de defesa. Isso porque há muitos animais potencialmente letais, como aranhas e cobras, que têm marcas similares. A aversão seria uma adaptação evolutiva ligada à preservação individual.Wilkins e Cole justificam a hipótese com o fato de que um dos entrevistados revelou seu medo do polvo-de-anéis-azuis, animal com um dos venenos mais poderosos do mundo.Quando ouviram isso, os pesquisadores coletaram várias imagens de alguns dos animais mais tóxicos conhecidos e constataram que elas tinham padrões similares aos que ativam as más sensações nas pessoas que têm tripofobia.A também britânica Universidade de Kent tem uma outra teoria sobre as reações negativas a grupos de buracos.Padrões de buracos manifestam-se em doenças e infecções como varíola e sarampo, e quem tem tripofobia poderia fazer associações ao ver objetos cotidianos.Outra hipótese, também investigada por Arnold J. Wilkins, está ligada à configuração de buracos e manchas - mais especificamente propriedades matemáticas semelhantes às de imagens conhecidas por causar incômodo visual e mesmo dores de cabeça. Isso já foi identificado até mesmo em quem não se identifica como tripofóbico.Problema matemático?Essas imagens, segundo o acadêmico, causam ao cérebro dificuldades de processamento, forçando uma maior oxigenação e um maior uso de energia. Muitas fobias podem ser decorrentes de mecanismos de proteção. O medo de altura, por exemplo, nos protege de quedas perigosas, ao passo que o medo de insetos evitaria potenciais picadas mortais.Porém, humanos podem desenvolver fobias de qualquer coisa, e a lista só cresce com o maior acesso à internet e às redes sociais. Até o medo de toques de telefone já foi descrito como uma fobia.Os que argumentam contra a classificação de tripofobia alegam justamente isso: que a condição ganhou fama por meio de discussões online. E que as vítimas são persuadidas pela sugestão de que padrões repetitivos são repulsivos.