Maiores doadores investiram R$ 5,5 milhões em candidatos não eleitos
O maior doador a campanhas neste ano, Rubens Ometto Silveira Mello, doou R$ 8,8 milhões. Parte do valor, no entanto, foi direcionado a candidatos que não se elegeram. O candidato à Câmara Darci de Matos (PSD), por exemplo, recebeu R$ 150 mil – a segunda maior doação feita pelo empresário – e não foi eleito.
Ometto é empresário conhecido do setor açucareiro e do etanol. Ele está entre os dez maiores bilionários do país, segundo a revista Forbes.
Outro que recebeu um valor alto do empresário foi Carlos Moises da Silva (Republicanos), que concorria à reeleição para o governo de Santa Catarina. Ele recebeu R$ 100 mil, mas não chegou sequer ao segundo turno, disputado por Jorginho Mello (PL) e Décio Lima (PT).
Veja:
Mais sobre o assunto
Artigos Eleições 2022 Lira: “Resultado das eleições será respeitado. Não tenho dúvidas”
Distrito Federal Projeto de Lei quer garantir transporte público de graça em eleições
Eleições 2022 Brasil enfrenta “2ª geração” de fake news nas eleições, diz Moraes
Em segundo no ranking de doadores, Alexandre Grendene Bartelle doou R$ 6,4 milhões. Desse montante, R$ 2,4 milhões foram para candidatos não eleitos.
A maior doação foi para Roberto Argenta (PSC), candidato mais rico a concorrer para o cargo de governador no país. Foram R$ 1,9 milhões investidos no postulante, que não avançou para o segundo turno no Rio Grande do Sul.
Confira:
Ex-secretário de Desestatização do governo Bolsonaro e presidente da locadora de carros Localiza, José Salim Mattar Junior, ocupa o terceiro lugar. No total, o empresário gastou um total de R$ 1,8 milhão em 17 candidatos que não foram eleitos.
Suas duas maiores doações, no entanto – R$ 1,8 milhão a Jair Bolsonaro (PL) e R$ 800 mil a Tarcisio de Freitas (Republicanos) – são a candidatos que concorrem no segundo turno.
3 Cards_Galeria_de_Fotos (8)******Foto-tv-com-propaganda-eleitoral*******Foto-tribunal-superior-eleitoral*******Foto-controle-apontado-para-tv.jpg******Ilustracao-pessoa-segurando-placa-com-fake-news.jpg******Foto-cofrinho-com-moedas.jpg******Foto-propaganda-eleitoral*******Foto-onibus.jpg*******Foto-varios-broches.jpg******Ilustracao-cartaz-votacao.jpg*******Ilustracao-pessoas-segurando-cartazes.jpg******Foto-pessoa-com-broches-de-candidato.jpg******Foto-cabine-justiça-eleitoral*******Foto-site-tribunal-superior-eleitoral******Foto-justiça-eleitoral0Entre os que não ganharam em primeiro turno, está Fernando Holiday (Novo), que concorria ao cargo de deputado federal por São Paulo, e recebeu R$ 250 mil do empresário.
Confira a lista completa:
Em quarto lugar está Frederico Carlos Gerdau Johannpeter, vice-presidente do Conselho de Administração do Grupo Gerdau. Ao menos R$ 305 mil foram destinados a campanhas de candidatos que não ganharam as eleições.
Diogo Paz Bier (PSDB), conhecido como Mano Changes, está entre os que mais receberam de Gerdau. A campanha ganhou R$ 100 mil para promover sua corrida à Câmara pelo Rio Grande do Sul, mas o postulante não chegou ao Congresso.
Mônica Leal Markusons (PP), Pablo Fraga Mendes Ribeiro (MDB) e Pablo Sebastian Andrade de Melo (MDB) também receberam doações de ao menos R$ 25 mil, mas não se elegeram.
Veja:
O advogado, pastor evangélico e palestrante Fabiano Zettel ocupa o quinto lugar na lista de doadores pessoa física. Ele investiu em apenas três candidatos: dois estão disputando o segundo turno, e um não foi eleito.
A maior doação foi endereçada ao presidente Bolsonaro. Foram R$ 3 milhões enviados à campanha de reeleição do mandatário. A segunda maior doação foi destinada a Tarcísio de Freitas (Republicanos): R$ 2 milhões.
Outros R$ 10 mil foram enviados à campanha de Lucas Gonzalez (Novo), que concorria a deputado federal por Minas Gerais. Ele não foi eleito.
Veja:
Doações
O cientista político André Felipe Rosa, da Faculdade Mackenzie, aponta que essas doações nem sempre refletem o posicionamento do empresário por trás.
“A relação do político com o doador de campanha, eticamente, deveria ser de apoio a uma agenda de propostas, mas interesses escusos acabam direcionando as doações, em detrimento dos reais interesses republicanos”, aponta.
Rosa pontua, no entanto, que essas doações únicas são uma ferramenta importante e que ultrapassa os limites impostos ao financiamento empresarial.
“Para os cargos proporcionais (Poder Legislativo), essas doações se mostram mais impactantes em relação a campanhas majoritárias. O fenômeno se explica pela baixa visibilidade midiática e de exposição dos candidatos para cargos proporcionais”, afirma.