Agilidade do inquérito sobre suposta interferência de Bolsonaro na PF preocupa o governo

Integrantes do governo demonstram preocupação com a agilidade do inquérito que apura se houve interferência política do presidente Jair Bolsonaro na [...]

Agilidade do inquérito sobre suposta interferência de Bolsonaro na PF preocupa o governo
Integrantes do governo demonstram preocupação com a agilidade do inquérito que apura se houve interferência política do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal.

Ao blog, um ministro que acompanha o caso demonstrou surpresa com o ritmo dado pelo ministro Celso de Mello, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), na condução das investigações.

A expectativa inicial do governo era de que os prazos seriam mais longos. Isso permiria a "diluição" ao longo do tempo do forte desgaste político de Bolsonaro com as acusações feitas pelo ex-ministro Sergio Moro.

O ex-ministro deixou o governo em 24 de abril. Naquele dia, anunciou sua demissão e declarou que o presidente queria mudar o comando da PF e ter influência direta na superintendência do órgão no Rio de Janeiro – berço político da família Bolsonaro.

O temor no núcleo mais próximo do presidente é que essa agilidade enfraqueça politicamente o Bolsonaro, sem o governo conseguir consolidar uma base segura na Câmara dos Deputados capaz de para barrar um eventual processo de impeachment. Por isso, nos últimos dias, o governo tem intensificado as negociações de cargos com partidos do chamado "Centrão".

O governo ficou impressionado com a definição rápida dos primeiros depoimentos, a exibição nessa semana de vídeo citado como prova no inquérito para análise das partes, e o pedido de manifestação sobre o sigilo da gravação da reunião ministerial.

Por outro lado, ministros do STF ouvidos pelo blog avaliam que o ritmo do inquérito é adequado e necessário, principalmente para a gravidade do caso.

Ao mesmo tempo, a nova posição do procurador-geral da República, Augusto Aras, contrária à transcrição dos diálogos da reunião, agradou o governo. Aras também opinou pela divulgação de apenas trechos da reunião ministerial realizada em 22 de abril.

Essa postura de Aras ajudou a diminuir críticas iniciais no Palácio do Planalto depois que o procurador-geral pediu a abertura de inquérito. Mas, entre integrantes do Ministério Público Federal, há desconforto diante de tais atitudes do PGR, que tem se mostrado mais restritivo do que a própria Advocacia Geral da União (AGU).

Ao apresentar nesta quinta-feira (14) ao STF a transcrição de dois trechos da fala de Bolsonaro na reunião do dia 22, o governo deixou claro seu objetivo: se antecipar ao desgaste da eventual divulgação integral do vídeo e já apresentar a versão de que o presidente se referia à segurança dos seus filhos no Rio de Janeiro, e não, à Polícia Federal.