"Meu sonho acabou, minha família está destruída", diz pai de menina baleada

"Ninguém pode perder o filho do jeito que eu perdi numa violência dessa. Infelizmente, meu sonho acabou, minha família está destruída, se acabaram os planos que a gente tinha para as meninas, mas elas estarão sempre nos nossos corações. Agora nós vamos fazer uma manifestação, para fazer alguma coisa, para não passar em branco. Será na Praça do Pacificador, às 15h", declarou Maycon Santos.

O movimento Coalizão Negra por Direitos repercutiu o chamado de Santos e apoiará o ato, que também conta com a participação do Movimento Negro Unificado de Caxias, Movimenta Caxias e Favelas em Luta. "Exigimos responsabilização e reparação por parte do Estado às famílias das dezenas de crianças mortas só esse ano no RJ. Não foi um caso isolado, é um padrão de atuação da política de segurança pública", declarou a Coalizão Negra por Direitos em suas redes sociais.

As meninas, que eram primas,foram baleadas por volta das 20h de sexta-feira (04/12) enquanto brincavam na porta de casae esperavam a avó comprar um lanche. As duasforam enterradas no sábado (5/12).

Emily Victória à esquerda e Rebeca Beatriz à direita. Primas foram baleadas na porta de casa.
Emily Victória à esquerda e Rebeca Beatriz à direita. Primas foram baleadas na porta de casa.

Segundo familiares, uma viatura da polícia militar passou pela rua disparando. A Delegacia da Polícia Civil de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) apreendeu neste domingo (6/12) as armas de cinco policiais militares do 15º Batalhão de Duque de Caxias suspeitos de envolvimento na morte das meninas.A PM nega que tenha feito disparos.

Segundo informações do G1 Rio, Maycon Santos tem 25 anos e é ajudante de pedreiro. No cortejo fúnebre, Santos desmaiou algumas vezes e foi amparado por parentes. Ele próprio enterrou a filha.

Maycon Santos enterra filha Rebeca Beatriz, que tinha 7 anos

"Tô sofrido, mas estou forte e estou em pé. Era minha única filha e meu conforto é saber que ela está com Deus.Quem quiser ir lá dar um apoio, um abraço, à família, será bem recebido. Eu só quero um abraço. Quem estiver em qualquer lugar do Brasil e puder mandar uma mensagem, será bem recebido", declarou Santos.

Mais sobre o assunto

De acordo com a plataforma Fogo Cruzado,das 22 crianças baleadas este ano na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, oito delas morreram, sendo as crianças mortas todas negras. Veja na galeria:

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Em 10 de janeiro: Anna Carolina de Souza Neves, 8, morreu baleada no sofá dentro de casa, em Belford Roxo (RJ)Arquivo pessoal/Reprodução

Douglas Enzo Maia dos Santos Marinho 7 jun

Em 7 de junho: Douglas Enzo Maia dos Santos Marinho, 4, morto a tiros durante a festa do próprio aniversário, em Magé (RJ)Arquivo pessoal/Reprodução

kaua vitor da silva 25 jun

Em 25 de junho: Kauã Vitor da Silva, 11, morto com tiro na cabeça, no Complexo da Maré, zona norte do Rio de JaneiroArquivo pessoal/Reprodução

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Em 28 de junho: Rayane Lopes, 10, morta por bala durante festa junina, em Anchieta, zona norte do Rio de JaneiroReprodução/Arquivo Pessoal

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30 de junho: Ítalo Augusto de Castro Amorim, 7, morto por bala perdida na porta de casa, em São João de Meriti (RJ)Reprodução/Arquivo Pessoal

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Em 4 de dezembro: Emily Victoria Silva dos Santos, 4, morta ao lado da prima de 7 anos, que também morreu, na porta de casa, em Duque de Caxias (RJ)Reprodução/Arquivo pessoal

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Vinte e duas crianças foram baleadas no Rio neste ano. Em 4 de dezembro: Rebeca Beatriz Rodrigues dos Santos, 7, morta ao lado da prima de 4 anos, que também morreu, na porta de casa, em Duque de Caxias (RJ)Reprodução/Arquivo Pessoal

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