Fatores emocionais não são causas da gagueira, mas podem agravá-la, diz especialista

  Segundo a fonoaudióloga Carla Maffei, do Hospital Otorrinos Curitiba, a gagueira tem sua origem na infância, podendo persistir, ou não, na vida adulta. Cerca de [...]

Fatores emocionais não são causas da gagueira, mas podem agravá-la, diz especialista

 

Segundo a fonoaudióloga Carla Maffei, do Hospital Otorrinos Curitiba, a gagueira tem sua origem na infância, podendo persistir, ou não, na vida adulta. Cerca de 75% das crianças entre 2 e 4 anos de idade podem apresentar gagueira fisiológica, pois o fluxo rápido de pensamento, associado à ansiedade para contar rápido algo importante, contribui para que a criança apresente dificuldades para produzir o ritmo regular e suave da fala.

"A pessoa sente dificuldade em se comunicar, o que desencadeia a gagueira. O gago, normalmente, ele faz isso quando vai expor alguma coisa ou falar sobre algum assunto. Existem gagueiras mais leves e a severas, aquelas em que existe um período muito prolongado de determinado som", disse a fonoaudióloga, em entrevista à Banda B nesta segunda-feira.

Pessoas com gagueira possuem a fala trabalhosa, e a ligação entre sons, sílabas, palavras e frases não é automática ou espontânea. Alguns sons demoram mais para serem ditos, interferindo na fluência que representa a suavidade e facilidade com que os sons, sílabas, palavras e frases são produzidos ao longo da fala.

Já a fonoaudióloga Lorayne Santos explica que é comum ter mais de um membro da mesma família com queixas de gagueira. "Há comprovações científicas da presença de genes envolvidos no surgimento e manutenção desta alteração", acrescenta.

Pessoas com gagueira possuem a fala trabalhosa, e a ligação entre sons, sílabas, palavras e frases não é automática ou espontânea. Alguns sons demoram mais para serem ditos, interferindo na fluência que representa a suavidade e facilidade com que os sons, sílabas, palavras e frases são produzidos ao longo da fala.

Fatores emocionais podem agravar a gagueira

De acordo com a especialista, é importante deixar claro que a gagueira não é causada por problemas emocionais. Pelo contrário: a vivência de uma fala gaguejada pode trazer alguns incômodos para a pessoa, repercutindo em problemas psicológicos.

"Fatores emocionais não podem ser cientificamente entendidos como causadores da gagueira, mas apenas agravantes dela. Crianças que ainda não manifestaram a gagueira na fala podem desenvolvê-la ao enfrentarem determinada situação de maior impacto; no entanto, isso só acontecerá se houver predisposição para a condição", esclarece Santos.

Por que um gago não gagueja quando canta?

Uma curiosidade que muitas vezes é levantada é por que as pessoas com gagueira, quando cantam, não apresentam o problema. A explicação é que a parte do cérebro usada no canto é diferente da usada na fala.

"O cérebro tem dois sistemas pré-motores: o medial e o lateral. O primeiro fica ativo quando a pessoa fala e o outro quando ela produz sons mais ritmados, então, mesmo que haja um problema na área da fala, ele pode não aparecer durante o canto. Sílabas prolongadas, emitidas durante o canto, também minimizam o problema. Quem gagueja tem o ritmo da fala alterado, e ao cantar estabelece ritmo pré-determinado", comenta a fonoaudióloga.

Outra explicação para isso é que o canto é apenas reproduzido e não processado como a fala.

Tratamento para a gagueira

A gagueira tem cura. Pacientes com esse problema conseguirão ter uma fala normal se o tratamento for iniciado assim que percebida a alteração. Segundo a especialista, "o tratamento deve ser iniciado assim que percebidas as manifestações. Quanto maior a espera, menores são as chances de cura", alerta.

Ajuda da família

Para os pais que têm crianças com esse problema, a ajuda em casa é fundamental para que elas se sintam confortáveis ao se comunicar, oferecendo um ambiente sem cobranças.

"Os pais são orientados a tomar algumas atitudes como: ouvi-las com atenção e naturalidade enquanto fala; separar um tempo para conversar com elas, sem distrações, sem pressa, devagar, mas sem perder a naturalidade da fala; incentivar todos os membros da família a serem bons ouvintes; criar um ambiente o mais relaxante e tranquilo possível; evitar chamar atenção durante interações diárias ou reagir negativamente à gagueira; não punir e não criticar. E lembrar que a gagueira é individual, intermitente e involuntária", finaliza Lorayne.