"Nunca vou ouvi-la dizer mãe": o drama de quem perdeu a filha no ataque a creche em Saudades

Famílias de vítimas da tragédia em SC falam sobre a falta dos bebês

"Nunca vou ouvi-la dizer mãe": o drama de quem perdeu a filha no ataque a creche em Saudades

Luana Schuh, a mãe de um dos bebês que morreu no ataque à creche de Saudades, viveu um domingo diferente nesse Dia das Mães. Em entrevista ao Fantástico, ela disse estar desolada e sem chão: "Eu não vou ter a minha princesa comigo, eu nunca vou ouvi-la me chamar de mãe, porque ela falava poucas palavras ainda", lamenta Luana, que perdeu a filha Ana Bella, com menos de dois anos.

?> Bebê que sobreviveu a ataque em creche de Saudades recebe alta do hospital?

A mãe de Sarah, Cláudia Mahle Sehn, sente essa mesma dor. A bebê já chamava o papai e a mamãe, e era uma criança muito alegre. Cláudia conta que foi com a filha que aprendeu o verdadeiro significado do amor e que, todos os dias, fazia questão de falar que amava Sarah: "A gente não cansou de repetir que papai e mamãe amavam muito ela".

Enquanto a polícia tenta descobrir a motivação do assassino da creche Aquarela, os familiares se perguntam do porquê isso foi acontecer: "Por que que a gente mandou ela? Por que ela não ficou mais uns meses com a vó? Por que não ficou em casa?", questiona Cláudia.

A mãe da professora Keli, que também foi vítima do ataque, quer guardar o sorriso da filha. "Não tem uma foto que ela não esteja sorrindo. É isso que eu quero guardar", se emociona Teresinha Bernardi Aniecevski.

A tragédia marcou a história de Saudades, cidade com menos de 10 mil habitantes, que é segura e tranquila. O momento do ataque está muito presente na memória do corpo docente da creche. A professora Solange Rempel Kunzler, em conversa com o Fantástico, relembra a hora em que viu o assassino esfaqueando as pessoas na escola: "Eu fui até um pedaço tentar ajudar a minha colega e vi que não dava, que eu seria só mais uma vítima. Gritei tudo que eu podia gritar para os meus colegas proteger suas crianças e se proteger e eu tive que voltar para sala para proteger as minhas crianças".

Como foi o ataque

O jovem de 18 anos invadiu a escola Infantil Pró-Infância Aquarela na manhã do dia 4 de maio. Armado com uma espada e um outro facão, ele atacou uma professora na entrada da escola e uma agente educacional. Depois, seguiu para uma sala e feriu quatro crianças. Três delas morreram.

Os corpos das cinco vítimas foram enterrados na quarta-feira no Cemitério Municipal de Saudades.

Segundo a polícia, o autor do atentado também desferiu golpes contra si próprio e foi encaminhado em estado gravíssimo a um hospital em Pinhalzinho, cidade vizinha a Saudades e depois foi transferido para o Hospital Regional de Chapecó.

De acordo com o boletim médico, ele recebeu alta da UTI nesta sexta-feira, mas permanecia internado até a tarde desse domingo, também no HRO de Chapecó.