Grandes da Europa criam Superliga e ameaçam estrutura do futebol mundial

Grandes da Europa criam Superliga e ameaçam estrutura do futebol mundial

Um grupo de clubes tradicionais da Europa sacudiu as estruturas do futebol no Velho Continente e anunciou hoje a criação da Superliga . O novo torneio é uma ameaça à Liga dos Campeões da Uefa e atinge toda a estrutura do maior centro do futebol mundial —talvez até das seleções de todo o planeta. A iniciativa, confirmada na noite deste domingo, partiu de seis clubes da Inglaterra, três da Itália e três da Espanha, todos entre os mais ricos de seus países, e foi repudiada veementemente por Uefa, confederações nacionais e ligas locais dos países.


Estão a bordo da iniciativa os seis principais time ingleses: Manchester United, Liverpool, Manchester City, Arsenal, Chelsea e Tottenham. Pela Espanha, participam Real Madrid, Barcelona e Atlético de Madrid. Da Itália, Milan, Internazionale de Milão e Juventus. A proposta é realizar um torneio com 15 times fixos e cinco participantes definidos pelos fundadores com base em desempenho em outras competições. É um campeonato sem rebaixamento, apenas com confrontos entre as grandes equipes do mundo. A inspiração é a NBA nos Estados Unidos. A competição será presidida por Florentino Perez, do Real Madrid.

"Doze dos principais clubes de futebol da Europa se uniram hoje para anunciar que concordaram em criar uma nova competição de meio de semana, a Superliga , governada pelos seus clubes fundadores" diz comunicado divulgado neste domingo. "AC Milan, Arsenal FC, Atlético de Madrid, Chelsea FC, FC Barcelona, FC Internazionale Milano, Juventus FC, Liverpool FC, Manchester City, Manchester United, Real Madrid CF e Tottenham Hotspur aderiram como clubes fundadores. É esperado que mais três clubes se juntem antes da temporada inaugural, que deve se iniciar assim que seja praticável". "A formação da Superliga vem em um momento no qual a pandemia global acelerou a instabilidade no modelo econômico atual do futebol europeu. Além disso, por anos os clubes fundadores têm tido o objetivo de melhorar a qualidade e intensidade das competições europeias a cada temporada, e de criar um formato para que os principais clubes e jogadores possam competir com regularidade", continua o anúncio.

Mais cedo neste domingo, a Uefa tinha se posicionado oficialmente contra a iniciativa. Federações nacionais e a Fifa também falaram contra a iniciativa. Em nota oficial, a organizadora da Liga dos Campeões deixou claro que esperava que o projeto não saísse do papel, citando tratar-se de um "projeto cínico" e que visa privilegiar o interesse particular das equipes envolvidas, num momento em que o mundo pede por união.

Caso os clubes decidam seguir em frente com o projeto, a Uefa avisou que pretende tomar medidas cabíveis para impedir, tanto no âmbito esportivo quanto legal. Em comum acordo com a Fifa e as outras federações, as equipes que optarem pela Superliga poderão ser banidas de todas as outras competições, sejam elas nacionais, continentais ou mundiais, e os jogadores não poderão defender suas seleções. A batalha deve atingir todas a estrutura sobre a qual se baseia o futebol mundial atualmente.

Além da Uefa, diversas ligas nacionais se posicionaram contra a iniciativa. No Twitter, o presidente da Liga Espanhola, Javier Medrano, escreveu "finalmente os gurus de PowerPoint da Superliga estão deixando a escuridão das 5h da manhã nos bares, intoxicados de egoísmo e falta de solidariedade. A Uefa, as Ligas Europeias e a La Liga têm se preparado, e eles terão a sua resposta".